domingo, maio 31, 2009

Aviso

não estamos em greve. apenas com vagar.

sábado, maio 30, 2009

Joeirar

Tenho um Junho de previsão tão apertada como um prego na madeira. Parte dele será num casino, ali à Figueira, a seu tempo saberão. Nele, joeiro entre os prazeres e os compromissos assumidos. Andam a ganhar os compromissos, essa coisa que começamos a dizer que sim, ou nos pagam para dizer que sim e depois quase nada sobra para o hedonismo. Das europeias sei muito pouco, também não quero saber. De vocês sei menos que do Horta e Costa e da menina que foi despachada para a Rússia. Se ao menos me deixassem votar numa plataforma informática não seria abstencionista. Viria aqui à mesa do trabalho onde me encontro e, entre uma cigarrilha e um gole de tinto, carregaria o meu voto como faço naqueles inquéritos on-line para escolher o novo treinador do Benfica ou a mulher mais bonita de 2008. Desses nunca vou saber dos resultados. Escolho o pior treinador e a mulher que está em último na lista. Das europeias escolheria o que fala sobre a Europa. Mesmo que fosse possível, pelo que ouço, a plataforma não teria essa opção. Beberia o copo, fumaria a cigarrilha e voltaria a ver e ouvir no youtube Martin Luther King – I Have a Dream!

sábado, maio 23, 2009

tarde na cozinha

Cá em casa o gourmet e mestre, é o pai. Faz da culinária um prazer e uma criação. Junta as ervas aromáticas como eu as fotografias. Inventa pratos como eu histórias loucas para as crianças. Pede-me apenas que o deixe sózinho com a casa toda, a música e o copo de vinho branco. E eu deixo, feliz.

Mas hoje resolvi eu assaltar a cozinha a tarde toda enquanto ele passeou o cão pela serra, uma delas está numa festa de anos e a outra anda a brincar com os vizinhos na rua (ora passeam o coelho preto da vizinha jordana, ora competem a ver quem apanha mais formigas).

Cozinha: que espaço esquecido este e que bem me soube voltar uma tarde inteira. Janela aberta. Tarde entre o azul e o cinzento. A farinha nas mãos, o cheiro forte a caril, o palito no bolo. Que prazer primário e esquecido.

livros no metro


custou-me 350$00 em 1996, este e cada um dos outros livrinhos com a chancela da Expo 98 que 2 anos antes apareceram nas livrarias. as capas eram assim alegres, o toque macio e o tamanho vinha acoplado a um preço muito tentador para os títulos e escritores que traziam dentro. a colecção somava 98 unidades das quais acabei por comprar uma dúzia mas, mais de 10 anos depois, e apesar de colocados numa das minhas prateleiras preferidas (mesmo à frente deste meu posto de trabalho diário e encostados aos livros do João Lobo Antunes e do Daniel Sampaio), nunca li nenhum deles até há dias.

andava há muito para resolver o conflito entre o gosto de ler no metro e a dimensão da minha carteira. subitamente lembrei-me desta colecção, escolhi um ao acaso e está a ser fantástico. a viagem de 10 minutos para cada lado dá para ler meia dúzia de páginas e deixa-me sempre um sabor a pouco. acho que até me olham com inveja quando saco da carteira este volumezinho cor-de-laranja. e aqueles que conseguem, do outro lado do banco, descortinar o nome do Jorge de Sena, esses até se roem. e eu vou lendo.

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quinta-feira, maio 21, 2009

Parabéns H.

Não tenhas pressa.
Passa, passa devagar, atrasa-te!
Dança, se te apetecer,
como costumas fazer numa conversa.

presente

só para dizer que estou cá neste dia, o dia da Helena. e também do Joaquim. presente. e deixo presente: uma musiquinha mais de hoje para que comemorar os nossos "entas" possa ser ainda dançar o presente. e sonhar o futuro.

parabéns Helena.
parabéns Joaquim.

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sábado, maio 16, 2009

soube de...

Soube pouco, mas soube. Ontem na Feira do Livro, no stand dos Livros Horizonte, soube da Teresa Leonor Vale. Perguntava amiúde por ela. Onde lhe ficara a história e a poesia. Por onde lhe corria a vida. Que palavras lhe sobravam.

Ontem, encontrei três livros dela sobre arte, trabalhos académicos. Uma temática proxima da influência do barroco italiano na nossa lusa arte. Procurei-lhe o retrato na badana da capa. Nada. Mas soube que se doutorara na Universidade do Porto, que mantém carreira académica ligada à História da Arte. Lembro-me vagamente de ouvir contar das suas, e do CG, viagens a Itália. Lembro o retrato sereno, tardio e azulado. Lembro as palavras. Soube dela. Respira. Não sei onde lhe sobram as palavras.

quando o mundo fala à noite...

(Feira do Livro de Lisboa - Maio 2009)

Eu espero...

Estive hoje na Feira do Livro à hora de almoço.
(Gostei da Feira, do respirar dos stands, do novo horário que deixa usar com livros a hora do almoço).

Voltei à noite com as crianças. Frio. Muito frio.
(O livro da Alice Vieira, "A Charada da Bicharada",ilustrado pela Madalena Matoso inexplicavelmente não constava do stand da Texto Editora/Leya...é que foi com ele que a Madalena ganhou, agorinha, o prémio nacional de ilustração!)

Encontrei um livro genial. Genial. As meninas do Planeta Tangerina já dele tinham falado, mas te-lo... é estonteante de admiração. Falo do “Eu espero...” da Bruaá Editora.

Aquele livro deu-me um . Vermelho.
(Porque será?)

sexta-feira, maio 15, 2009

Dois homens, o meu destino

Um trabalha todo o dia com uma máquina na pedreira. «Que força é essa, que força é essa, que trazes nos braços?» Almoça em 15 minutos. Regressa ao fim de tarde e tem sempre um convite na boca para a sua adega, para que com o vinho eduquemos os lábios e as conversas. Deixa-nos sair contrariado. Não janta. Pega no tractor e lavra uma vinha que nos dará um vinho precioso. Ceia e uma noite longa. Assim consome os dias.

Outro pequena-almoça-ao-almoço. Tem o seu trabalho todo condensado no blueberry portátil e exerce as suas capacidades na digitalização da agenda. É um vivo do mundo hertziano. Toma duche de fim de tarde, pega no carro, apanha a primeira entrada da auto-estrada e confere conhecimento nas Conferências do Estoril. Assiste em silêncio a Tony Blair, Aznar, Yegor Gaida, Danny Leipziger, Daryl Hannah, Seyed Hossein Adeli, entre outros. Ceia na área de serviço e um dia longo. Assim consome as noites.

O meu recente destino tem sido cruzar-me com um e com outro nas suas dimensões. Ambos me falam do que melhor sabem. A mesma riqueza. Assim nos construímos.

quinta-feira, maio 14, 2009

as coisas bonitas, dizem-se...

As coisas bonitas, dizem-se. As coisas a descobrir, segredam-se.

Não posso deixar de vos segredar: Lisbon Walker.

“Descobrir a cidade na companhia de guias entusiastas e conhecedores é a missão do Lisbon Walker, complementando as limitações naturais dos roteiros de viagem, para revelar a verdadeira personalidade desta cidade única. Os passeios a pé realizam-se todos os Domingos às 14h30 em Português e diariamente em Inglês.”

Cidade Velha:1º domingo de cada mês
Lisboa Cidade de Espiões: 2º domingo
Lendas e Mistérios: 3º domingo
O Terramoto de 1755: 4º domingo
Sétima Colina: 5º domingo

Podem e devem esperitar o site,http://www.lisbonwalker.com , lindíssimo.

“Cheguei a Lisboa, mas não a uma conclusão” Fernando Pessoa.

Quem me ensina esta frase, merece tudo! Como merece o JV.

terça-feira, maio 12, 2009

Para o Diogo Zé

O Meu Coração Desce

O meu coração desce,
Um balão apagado...
- Melhor fora que ardesse,
Nas trevas, incendiado.
Na bruma fastidienta.
Como um caixão à cova...
- Porque antes não rebenta
De dor violenta e nova?!
Que apego ainda o sustém?
Átomo miserando...
- Se o esmagasse o trem
Dum comboio arquejando!...
O inane, vil despojo
Da alma egoísta e fraca!
Trouxesse-o o mar de rojo,
Levasse-o a ressaca.

Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'

Aço Negro

Ando a preto e branco. Como a Mónica, presumo, também me cai gente que vejo uma última vez em funerais. O Zé Diogo, um dos meus Diogos - homem de uma turbulência constante na vida e no saber – deixou-nos nas mãos um projecto inacabado em Conímbriga que desejo cumprir. Guias de visitas portáteis por esse império romano, que me passarão a ser um percurso para a sua memória. Sobretudo por ele, mas também pela sua dedicação e exigência nessa tarefa que não saberíamos última. Ensinou-me essa coisa, no início absurda, que era saber tudo de Camilo Pessanha. Sou agora um estudioso inacabado. Reensinou-me a dizer não às nomenklaturas, também essa coisa que nasce no fígado e chega à boca numa expressão límpida de liberdade.
O sol subirá a pique e de preto ficará apenas um rasto de sombra na memória, presumo que iluminado pela faísca do nosso último firme cumprimento de mãos.

domingo, maio 10, 2009

Helena em Campanhã

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quarta-feira, maio 06, 2009

por quem os sinos dobram

vivo todos os dias com a certeza de que a morte só acontece aos outros. sei que não é assim mas, no fundo, não chego a acreditar no que sei. a não ser quando os sinos dobram nas torres das igrejas de sempre, as mesmas onde tantas vezes celebramos a vida (os nascimentos, as etapas vencidas, as escolhas). quando os sinos dobram são desespero puro (cruéis e implacáveis) e então sei que eles dobram por mim, e pelos meus.

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domingo, maio 03, 2009

os nossos dias

acordei a escrever na cabeça que ser mãe eram coisas extraordinárias como "aprender a levantar pedras para resgatar flores esmagadas", ou "sacudir a terra com jeito para revelar as raízes". mas depois começou um daqueles dias em que ser mãe é apenas ser mulher e carregar o fado de levantar o mundo adiante. e, queira ou não, transmitir isso aos meus filhos.

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