quinta-feira, setembro 21, 2017

professores

um texto belíssimo no Público de ontem, de Santana Castilho, sobre ser professor.
«Deverá esse “superego” atípico impedir que os professores empurrem as crianças pelos corredores da pressa e do utilitarismo, quando as deviam guiar pelos trilhos calmos do personalismo e dar-lhes tempo para terem tempo? Trilhos onde os livros tradicionais ganhem aos meios electrónicos, a memória seja uma qualidade intelectual respeitada e o silêncio cultivado como meio para nos encontrarmos connosco próprios, aprendendo que até um cabelo projecta a sua sombra. 
A missão de um professor é também impulsionar e acelerar a evolução da humanidade dos seus alunos, tornando-os mais sensíveis, ensinando-os a distinguir a verdade da mentira, a justiça da injustiça, a humildade da vaidade, a bondade da inveja. O desiderato de um professor é também ter alunos que prefiram uma derrota com honra a uma vitória com trapaça, que escolham a gentileza à brutalidade, que prefiram ouvir a gritar, que saibam que chorar é próprio de quem sofre, não diminui e, quando acontece, só engrandece. A obrigação de um professor é também ensinar aos seus alunos que só aquece aquilo que se consome, que a falta de uma só trave pode tombar todo um sistema, que é mais difícil fazer o que o coração dita que o que os outros esperam, que é impossível tocar uma nuvem mantendo os pés no chão, que são os erros e as esperanças desfeitas que ajudam a crescer e que, citando Confúcio, “não poderão mudar o vento mas poderão ajustar as velas do barco para chegarem onde quiserem”.»
aqui https://www.publico.pt/2017/09/20/sociedade/noticia/a-consideracao-dos-professores-do-meu-pais-1785930

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domingo, setembro 17, 2017

fora do coração

hoje sonhei que voava ao longo da costa, sobre o mar muito azul e umas arribas que não sei onde ficam. e enquanto voava cantava esta canção sublime, em particular a parte: «por fora não se vê / que por dentro é desamor».



trevas que chamam
o corpo para a escuridão
corpo que sente
mas que não resiste

serve-me apenas
um travo dessa ilusão
ou uma chama 
que nos leve daqui

viajei numa vaga intensa
que poucos conhecem
preparei uma valsa negra
que não nos desfaça

fora do coração
deixo o que me faz mal
deixo as coisas que
fazem sofrer
p’ra superar melhor
para por longe a dor
e sem mais demoras sermos nós
o meu maior valor 

Por fora não se vê
que por dentro é desamor
por fora não se vê
que por dentro é desamor

viajei numa vaga intensa
que poucos conhecem
preparei uma valsa negra
que não nos desfaça

fora do coração
deixo o que me faz mal
deixo as coisas que
fazem sofrer
p’ra superar melhor
para por longe a dor
e sem mais demoras sermos nós
o meu maior valor 


Valter Lobo no festival 'Bons Sons', este verão. assim, neste por-do-sol, neste coreto, com esta precisa canção o ouvi pela primeira vez e me rendi de imediato.


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