terça-feira, maio 12, 2009

Aço Negro

Ando a preto e branco. Como a Mónica, presumo, também me cai gente que vejo uma última vez em funerais. O Zé Diogo, um dos meus Diogos - homem de uma turbulência constante na vida e no saber – deixou-nos nas mãos um projecto inacabado em Conímbriga que desejo cumprir. Guias de visitas portáteis por esse império romano, que me passarão a ser um percurso para a sua memória. Sobretudo por ele, mas também pela sua dedicação e exigência nessa tarefa que não saberíamos última. Ensinou-me essa coisa, no início absurda, que era saber tudo de Camilo Pessanha. Sou agora um estudioso inacabado. Reensinou-me a dizer não às nomenklaturas, também essa coisa que nasce no fígado e chega à boca numa expressão límpida de liberdade.
O sol subirá a pique e de preto ficará apenas um rasto de sombra na memória, presumo que iluminado pela faísca do nosso último firme cumprimento de mãos.

2 Comments:

At 9:35 da manhã, Blogger francisco carvalho said...

Texto belíssimo. Intenso e belíssimo.

 
At 9:40 da tarde, Blogger Helena (em stª Apolónia) said...

tão bonito...

 

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