domingo, abril 26, 2009

terceiro mandamento

nunca fui workaholic (preciso tanto de descanso que estou naturalmente protegida disso) mas nos últimos anos adquiri um vício horrível: aproveitar os fins-de-semana para trabalhar em casa. são quase sempre pequenas coisas que vou deixando durante a semana e às vezes grandes coisas que o ritmo da semana não me permite sequer pegar. a maioria das vezes feitas aqui no portátil aos bochechos durante todo o fim-de-semana, entremeadas com tarefas domésticas próprias dos dias de lazer (em que se cozinha mais, se desarruma mais, se perde mais tempo em compras) e resultando invariavelmente numa dificuldade em me decidir começar a fazê-las no sábado, ante a perspectiva de dois dias cansativos, e numa sensação de estafa de domingo à noite, agravada pela constatação repetida de que, de tudo o que precisava fazer, metade não chegou a realizar-se. e na segunda-feira volta tudo ao princípio, semana após semana e só nas férias, 2 quinzenas por ano, páro realmente os motores e desligo.

mas há tempos, decidi mudar. foi tão simples como ouvir a explicação do 3º mandamento e pôr-me a pensar nisso. não só Deus descansou ao 7º dia, vendo que o que tinha feito era bom, mas o shabat dos judeus pode ser lido como uma espécie de comemoração da liberdade adquirida após a fuga do Egipto: depois da escravatura, um dia, em cada 7, lembrava-lhes que eram livres (livres de descansar e livres de rezar). fiquei presa a esta ideia, da celebração da liberdade que temos e pela qual afinal trabalhamos tanto. e decidi que era importante ter este ciclo mais curto e mais definido: um dia por semana para me dedicar ao essencial, a tudo o que não me vem do trabalho nem compro com dinheiro.

foi assim que ontem me disciplinei para despachar o mais possível do que tinha pendente para, assim, hoje, domingo, me poder entregar à minha liberdade: andei nos blogs, coisa que há meses não fazia, li jornais, e estive na mesma imenso tempo no portátil (ainda tenho que aperfeiçoar esta minha capacidade de entrega ao essencial) mas sempre com a sensação de que na verdade, não tinha nada para fazer, não hoje, e que, por isso, tinha tempo para tudo.

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1 Comments:

At 12:28 da manhã, Blogger David (em Coimbra B) said...

Bom mandamento.

 

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