terça-feira, abril 14, 2009

coisas...

No cumprimento da minha determinação de Agustina, peguei domingo morno no romance “Antes do Degelo”. Tenho-o lido com alguma sofreguidão. Acontece que descobri uma coisa pequena: os livros dela não tem tempo, ou melhor, tem sempre o mesmo tempo.Podem as personagens vestir calças de ganga, podem as descrições fazer referência a um outro tempo que, para mim, só existe um tempo. O romance foge-me para ele.

Será seguramente um erro, meu, de leitura. Uma descontinuidade. Um desacerto. Mas qualquer que seja a história, eu lei-o num tempo muito próprio. No tempo da Agustina. Um tempo forte e impreciso. E para mim, a escrita da Agustina nunca comporta a actualidade. Aquele Porto não é este Porto que sei, aquelas casas tem sombras das casas da minha avó, aquela memória é rente mas é memória, aquele silêncio tem outra espessura e há nele ruídos perdidos. Aquele rio já desaguou, aquela vinha já vindimou, aquelas mulheres já foram mulheres, imortais, desse tempo.

Acontece assim comigo na escrita da Agustina. Deve ser aldrabice minha, mas inconsequente e bonita. É um tempo perto mas não é agora.

1 Comments:

At 1:21 da manhã, Blogger David (em Coimbra B) said...

Um dia dedico-me à Agustina... não sei quando!

 

Enviar um comentário

<< Home

Web Pages referring to this page
Link to this page and get a link back!