noite verão
São as noites, o que mais gosto no verão. Quentes. Calidamente sombrias. Felizes e com espaço para a felicidade. Gosto de as deixar rasteiras a entrar pela casa adentro, de luzes quase apagadas para afastar os mosquitos do mundo e sentar-me no sofá convicta de que se pode ser feliz em certas noites de Julho. Ou que se pode ser feliz a vida inteira.
Os dias de verão têm duas distinções: os dias de trabalho e os fins-de-semana. Andar na rua, em dia de trabalho, com calor é um arfar pesado, um movimento custoso, um respirar desesperado. Andar na rua, em dia de descanso, é um prazer opressivo mas contornável na procura da sombra do lado da rua, no tacto da cal, na invenção da água. Nos dias quentes nada é mais gratificante que a sombra do quarto e o frio dos lençóis brancos e lavados, misturados com o ruído dos grilos ou do mundo a estalar de calor.
Mesmo quando incómodo, suporto o calor a pensar no começo das noites de verão azul e na luz derramada. Deixamos o mundo entrar nas casas e abrimos as janelas abertas para que se instale no espaço o conforto quente que exala do mundo. É fácil ser feliz, no verão.
Hoje, determinara o dia para arrumar uma dispensa da casa, montar uma cama no quarto das crianças e pendurar as fotografias na parede. Não fiz nada. Nada, nada. Andei na rua a esquinar o calor, tratei de dois ou três pormenores da vida e acabei deitada em cima da cama, janela aberta a ouvir o mundo a estalar e adormeci. Decidi-me ao prazer de não fazer nada, nada. Ao vagar quente de gozar o verão. Ao poder ser feliz sem qualquer importância. Ao ser plena sem qualquer metafísica.
Varia com o vento ou as marés, mas de vez enquanto, dou com o cheio a maresia e iodo quando abro a porta de casa para o mundo. Aconteceu também hoje. Felicidade com cheiro a mar, é Julho!
E aqui estou, a escrever como quem está a caiar, à espera da noite. Noite de verão. Para me sentar numa varanda em cima do mar, escolher o vinho, e continuar a conversa que a vida interrompe.
Os dias de verão têm duas distinções: os dias de trabalho e os fins-de-semana. Andar na rua, em dia de trabalho, com calor é um arfar pesado, um movimento custoso, um respirar desesperado. Andar na rua, em dia de descanso, é um prazer opressivo mas contornável na procura da sombra do lado da rua, no tacto da cal, na invenção da água. Nos dias quentes nada é mais gratificante que a sombra do quarto e o frio dos lençóis brancos e lavados, misturados com o ruído dos grilos ou do mundo a estalar de calor.
Mesmo quando incómodo, suporto o calor a pensar no começo das noites de verão azul e na luz derramada. Deixamos o mundo entrar nas casas e abrimos as janelas abertas para que se instale no espaço o conforto quente que exala do mundo. É fácil ser feliz, no verão.
Hoje, determinara o dia para arrumar uma dispensa da casa, montar uma cama no quarto das crianças e pendurar as fotografias na parede. Não fiz nada. Nada, nada. Andei na rua a esquinar o calor, tratei de dois ou três pormenores da vida e acabei deitada em cima da cama, janela aberta a ouvir o mundo a estalar e adormeci. Decidi-me ao prazer de não fazer nada, nada. Ao vagar quente de gozar o verão. Ao poder ser feliz sem qualquer importância. Ao ser plena sem qualquer metafísica.
Varia com o vento ou as marés, mas de vez enquanto, dou com o cheio a maresia e iodo quando abro a porta de casa para o mundo. Aconteceu também hoje. Felicidade com cheiro a mar, é Julho!
E aqui estou, a escrever como quem está a caiar, à espera da noite. Noite de verão. Para me sentar numa varanda em cima do mar, escolher o vinho, e continuar a conversa que a vida interrompe.
3 Comments:
que bom estares aí. comigo é mais do que felicidade: é uma febre, uma loucura, uma euforia, o que o verão traz consigo
Que tempo bom tem o post para este dia de chuva aqui por Coimbra B.
é tão fácil ser feliz em julho. e nas noites de verão...que delicioso este post...
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