festas de anos III
tenho um filho que anda há 6 anos numa escola pública e, talvez por isso, foi habituado a ser convidado apenas para algumas festas, poucas (embora às vezes também em estilo de armazém). é um rapaz que sempre preferiu um tête-a-tête a grandes grupos, uma boa brincadeira aos polícias ou aos professores a grandes correrias e euforias. ainda ontem festejamos os seus 9 anos nos jardins do Palácio de Cristal: uma festa bonita, cheia de sol e de 11 dos amigos que mais significam para ele. crianças que venho conhecendo e me conhecem e pousam a cabeça no meu ombro quando precisam. acabou num fantástico jogo de futebol entre as crianças, 2 dos pais e o avô (meu pai).
foi a outra filha de 6 anos que, ingressada há 1 ano no ensino privado, nos proporcionou a experiência do armazém e nos confrontou com a insanidade do preço de uma aventura destas: uma média de 10 euros por cabeça a multiplicar por 28 colegas + alguns primos e amigos = quase um salário mínimo. e a primeira festa dela pós-colégio continuou a ser em casa, depois da selecção difícil de 8 colegas a convidar. no entanto, à chegada, dir-se-ia que alguns julgavam estar num armazém: entravam a correr de olhos esgazeados, sem uma saudação, um olhar nos meus olhos ou nos da aniversariante. são crianças que ainda hoje, se encontro à porta do colégio, não me reconhecem.
imagino que nem todas as festas-armazém seja terríveis como as que experimentei mas estimularei enquanto puder as festas - e tudo na vida - que priviligiem o olhar nos olhos, a escolha e o ser escolhido, as relações intensas, enfim, a aprendizagem da amizade, esse laço vital.
2 Comments:
Parabéns ao F. com caramelos e trocos, e um beijo à Mãe.
Interessante post, com o qual estou completamente de acordo. Às vezes penso se não estarei um pouco "out" e se isso não penalizará as minhas filhas (9 e 3 anos), mas vendo os resultados da massificação de comportamentos, comecei a deixar de me preocupar e de "engolir" o que não gosto só para estar "in". Obrigada
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