quinta-feira, julho 12, 2007

Partidas

Deixei-os hoje ir carregadinhos de luz como pilhas novas, roubada à cal branca da igreja da praça velha. Uns finos, as últimas assinaturas nos documentos urgentes, as velhas piadas, a consciência de que voltaremos lá por Agosto à luta dos costumes.
Quem me escuta, eles, eu sei, com as orelhas abertas no nosso ninho do trabalho, algumas vezes amargo por asneira – nem é amargo, é o meu modo de dizer prioridade «podíamos fazer melhor todos os dias!» - sabem que criaram, absorção dos costumes, asas para viajar. RB diz-me que vai voar para o ali perto de mim com jeitos de ficar três semanas, quase vidro fosco, vitral cardíaco, no meu outro achamento do Brasil (Santos e São Vicente, a nossa caipirinha na praça Tom Jobim) e RC, que levanta outras asas para os Açores, perto das sombras do Simas, que lhe terei de explicar, quando voltar, sobre a nossa velha história de uma ilha que pulsa, íntima de azul e sol a destilar hortênsias.
Ficar pausado, aqui, entre os voos, é energia mínima. Vão, ambos, pelos merecidos fenómenos do ar. As almas fora dos corpos. Uma imprecisão de indecisos. Um porque discute consigo a volta da não volta, outro porque leva ordens para voltar. Quando chegarem, estarei à mesa do PSI 20 de Lisboa, dizendo-lhes que o jogo da vida é o mesmo da bolsa, a distracção de um beijo que perdeu o viajar, como o teu, que avalio, contido, nos índices do PSI Geral.

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