sexta-feira, setembro 29, 2006

os tempos interessantes (de Pedro Mexia, mas podiam ser os nossos)

"(...) Entre 1993 (Agosto) e 2006 (Setembro) andei no arame, sem ser artista disso, sem que ninguém me tivesse preparado, dizendo às vezes, a custo, está tudo bem mãe sou só eu a sangrar. Tempos interessantes, anos interessantes, os meus anos chineses, anos de pesquisa para saudades e tristezas, anos em que acreditei, anos em que lutei, anos de bruços e costas e navalhas a que se toma o gosto. Anos em que estive tão baixo que me parecia alto e tão alto que não percebia que estava em balão, e durava quinze minutos, e se pagava duas moedas a um velho que trabalhava no parque de diversões desde sempre.

Nem inferno nem paraíso agora, este perpétuo purgatório, um purgatório pausado, com umas acelarações que afinal não são verdade, e ilusões porque as «grandes expectativas» são isso mesmo, é tempo de ser adulto, mais ou menos adulto, fazer coisas porque imaginamos que ficam (mas não ficam), descontar para o jazigo, às vezes pensar em dias como aquele em que fiz tantos quilómetros para te ver três minutos ou disse que te seguia para uma nação estrangeira ou em que adormeceste ao meu colo confiadamente. Tempos interessantes, os meus tempos, esses tão sublimes e acabados, esses que ficam e se apagam e permanecem, esses que orgulham e revoltam na mesma respiração. (...)
"


(Pedro Mexia soberbo, passe a redundância de linkar parte de um post de um blog que é link permanente na linha)

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