o capital e a capital
Quando me perguntam o que faço, respondo cada vez com mais convicção «estou em Director Executivo de uma associação de desenvolvimento». O verbo «estar», aferição maior que roleta de nomeação, implica responsabilidade permanente e resultados visíveis. Aqui me aguento desde o século passado. Os políticos mudam, as políticas mudam… vou ficando. Acredito hoje sem cristais de vaidade que ainda sou capaz. Há dois desafios nisso: criatividade e procura constante de dinheiro para a pagar, no limite, para me pagar.
Hoje fui à busca do desafio dinheiro – capital – à capital. Não telefonei a H porque também andei em dia de tapete rolante.
Passa a portagem. Trava. Arranca. Olha o semáforo. Arranca. Mete aí no passeio. É aqui a Defensores de Chaves? Vamos beber um “pirata”. Não dá tempo. Foda-se! Chegámos.
Depois reuniões e mais reuniões, os mesmos funcionários da alcatifa e do ar condicionado, mais velhos, mais cómodos, mais irreais. Horas e cafés para dizerem poupem o dinheiro. Falo com RC num constante vocabulário de asneiras. Provoco. Sou feito disso quando a minha dama é disputada, questionada, manipulada.
Saímos. Vamos à Portugália da Almirante Reis? Tira aí do passeio. Dá moeda. Arranca. Trava. Olha o semáforo. Passa a portagem. Temos gasóleo? Sai em Santarém. Aponta Almeirim. Atravessa a ponte Salgueiro Maia. Praça de toiros. É ali à direita. Dá moeda. Tira a antena. Vamos a pé. Catedral «Zé Toucinho». Sopa da pedra. Branco fresco. Barriga cheia da miséria centralista. Dinheiro zero. Não há orçamento rectificativo. Haja criatividade. Não somos o Gil Vicente do Fiúza. Não fomos ao jardim zoológico. Mais vale o Terreiro da Erva do que o Terreiro do Paço. Escrevi um dia e mantenho.
Havia um tipo neste país que durante anos assinou decretos, despachos e textos «A Bem da Nação».
Começo eu - esta minha alma hoje mal educada com boca de enxó e formões em vez de dedos - a assinar, convicto, «A Bem da Regionalização».
-Vamos ao Paulo beber um copo?
- Estará lá a miúda de fumar leve e corpo apetecível?
- Presumo que está.
-Vamos ao Paulo beber um copo?
- Estará lá a miúda de fumar leve e corpo apetecível?
- Presumo que está.
- Vamos, pois!
1 Comments:
Bem...ontem achei que tinha deixado aqui um comentário mas pelos vistos foi ilusão minha...
Achei esta uma esclarecida e esclarecedora crónica...
Os meus aplausos.
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