livros que me mudaram I
a propósito de mais uma cadeia em circulação ("os livros que não mudaram a minha vida"), fala-se muito de livros estes dias na blogosfera. o que incluir numa lista destas: embirrações pessoais? fugas aos cânones? indiferenças? o que é mudar a vida e, se ela mudará inexoravelmente, como saber se ela foi mudada pelo livro? e se um livro não puder, nunca, mudar-nos a vida?
a mim, alguns livros mudaram, para sempre, a minha vida. mudaram no sentido de se dissolverem nela, fundindo-se na minha história a um ponto em que deixou de ser possível distinguir o que se leu daquilo que se viveu.
por exemplo, tinha-me esquecido de que forma isso tinha acontecido com O Amante (Marguerite Duras) até o ter aberto, ontem, por acaso, e logo na primeira página me ter lembrado de como também "muito cedo na minha vida foi tarde de mais". e, sem nunca ter tido um amante chinês, me lembrar de como "é sempre terrível depois", quando é de tarde e, do outro lado da persiana que separa a cama da rua, se ouvem os ruídos da cidade a bulir e tudo em volta nos soa "incrivelmente estrangeiro". e perceber, como um murro no estômago, porque é que há tardes que se lembram para toda a vida, mesmo quando esquecemos os homens. e porque é que há homens que nunca deixamos de amar. que amaremos até à morte.
Etiquetas: blogs, livros, Marguerite Duras
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