Despedidas que nos agarram pelos carris dentro…
Despedidas, a dor de riscar o território do fim. Despedidas dolorosas, violentas, enlouquecedoras, previsíveis, abruptas. Despedidas na noite, no último barco, na última carta, na última incompreensão, no primeiro silêncio intransponível. Despedir é iniciar definitivamente a memória.
Das minhas memórias de despedidas, duas tem particular beleza. Luz coada. Imensidão. Plenitude. Preservam a tristeza da felicidade. Aconteceram em estação de comboios. As despedidas dos ainda amores e as despedidas dos campos de férias. Em ambas a lei da gravidade impele ao abraço que um comboio com horário certo nos atravessará, enquanto o mundo se quieta para nos celebrar e a luz se derrama dourada mesmo que chova. O aperto na garganta, às vezes o choro como dilúvio, a hora certa do comboio a dizer que acabou ali a felicidade de amar. Um homem ou só um tempo.
Segunda, veio-me à pele o arrepio destas despedidas quando fui à estação, agora azul clara no lugar do nosso ocre, buscar a minha filha do retorno de um campo de férias. A mesma luz dourada, derramada no tempo. O mesmo nó na garganta, a mesma fúria de contradizer o fim que os impele a cantar até à rouquidão, a pular e dançar até ao fim da alma. A dor de ser feliz enquadrável numa estação de comboios. O relógio redondo, em surdina, a atravessar o tempo minuto a minuto. A fazer, minuto a minuto, a memória leve do que ainda é intenso, imenso e infinito.
Certo, certo é que ninguém poder ser inteiramente feliz sem que não lhe caiba, por dentro, uma destas despedidas de felicidade.
Das minhas memórias de despedidas, duas tem particular beleza. Luz coada. Imensidão. Plenitude. Preservam a tristeza da felicidade. Aconteceram em estação de comboios. As despedidas dos ainda amores e as despedidas dos campos de férias. Em ambas a lei da gravidade impele ao abraço que um comboio com horário certo nos atravessará, enquanto o mundo se quieta para nos celebrar e a luz se derrama dourada mesmo que chova. O aperto na garganta, às vezes o choro como dilúvio, a hora certa do comboio a dizer que acabou ali a felicidade de amar. Um homem ou só um tempo.
Segunda, veio-me à pele o arrepio destas despedidas quando fui à estação, agora azul clara no lugar do nosso ocre, buscar a minha filha do retorno de um campo de férias. A mesma luz dourada, derramada no tempo. O mesmo nó na garganta, a mesma fúria de contradizer o fim que os impele a cantar até à rouquidão, a pular e dançar até ao fim da alma. A dor de ser feliz enquadrável numa estação de comboios. O relógio redondo, em surdina, a atravessar o tempo minuto a minuto. A fazer, minuto a minuto, a memória leve do que ainda é intenso, imenso e infinito.
Certo, certo é que ninguém poder ser inteiramente feliz sem que não lhe caiba, por dentro, uma destas despedidas de felicidade.
3 Comments:
já te disse que anda hoje me arrepia ouvir as vozs dos altifalantes das estações "vai dar entrada na linha 2 o comboio...", como me arrepia quando escreves sobre isso; por isso somos linha do norte
Sta. Apolónia, Campanhã e Coimbra B onde esse jogo se joga ainda com as mesmas regras de ontem...
Ainda lavei tudo, nem organizei papelinhos, pinoskines, pedras pintadas, nem fiz o inventário de tudo o que foi isto. Sei que foi bom.
Beijos.
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