domingo, agosto 26, 2007

agosto em Lisboa

Há já uma semana que perdi o cheio a lavanda misturada com as páginas dos livros que li. Já há uma semana pousei o copo de tinto forte e não mais o enchi. Há já uma semana que os meus olhos se não perdem na vinha e não se quietam nos ruídos da terra a estalar agosto. Há uma semana vim, directa, a atravessar as férias e a Península. Cumprida dessa morte, necessária, de Lisboa.

Na manhã seguinte pus-me cedo na estação, olhar comboios e partir até rente do mar. Fui levar crianças esvoaçantes de felicidade e assustadas de incertezas a um campo de férias. Fui fazer comboios. Fui enroscar silêncios e emoções. Repetir viagens. Vim no comboio seguinte. Andei a desfazer a luz num dia em carris.

Não sei porque ainda aqui não vim escrever, mas talvez tão só por ter tido muitas coisas quase felizes a fazer e não querer perturbar essa ordem quase perfeita de Agosto.

Nesta semana muita gente morreu. Pessoas próximas de pessoas amigas. Morrer em Agosto tem qualquer coisa de estranho, porque Agosto é um tempo tão suspenso que acreditaria que suspendesse até a morte.

Hoje choveu para limpar Agosto e deixar cheiro a terra forte. Para ondular o rio. Para ventar Lisboa.

1 Comments:

At 1:46 da manhã, Blogger David (em Coimbra B) said...

Venta Lisboa. Quando bebemos o gin decisivo? Fresco como o tempo a que pertencemos...

 

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