agosto em Lisboa
Há já uma semana que perdi o cheio a lavanda misturada com as páginas dos livros que li. Já há uma semana pousei o copo de tinto forte e não mais o enchi. Há já uma semana que os meus olhos se não perdem na vinha e não se quietam nos ruídos da terra a estalar agosto. Há uma semana vim, directa, a atravessar as férias e a Península. Cumprida dessa morte, necessária, de Lisboa.
Na manhã seguinte pus-me cedo na estação, olhar comboios e partir até rente do mar. Fui levar crianças esvoaçantes de felicidade e assustadas de incertezas a um campo de férias. Fui fazer comboios. Fui enroscar silêncios e emoções. Repetir viagens. Vim no comboio seguinte. Andei a desfazer a luz num dia em carris.
Não sei porque ainda aqui não vim escrever, mas talvez tão só por ter tido muitas coisas quase felizes a fazer e não querer perturbar essa ordem quase perfeita de Agosto.
Nesta semana muita gente morreu. Pessoas próximas de pessoas amigas. Morrer em Agosto tem qualquer coisa de estranho, porque Agosto é um tempo tão suspenso que acreditaria que suspendesse até a morte.
Hoje choveu para limpar Agosto e deixar cheiro a terra forte. Para ondular o rio. Para ventar Lisboa.
Na manhã seguinte pus-me cedo na estação, olhar comboios e partir até rente do mar. Fui levar crianças esvoaçantes de felicidade e assustadas de incertezas a um campo de férias. Fui fazer comboios. Fui enroscar silêncios e emoções. Repetir viagens. Vim no comboio seguinte. Andei a desfazer a luz num dia em carris.
Não sei porque ainda aqui não vim escrever, mas talvez tão só por ter tido muitas coisas quase felizes a fazer e não querer perturbar essa ordem quase perfeita de Agosto.
Nesta semana muita gente morreu. Pessoas próximas de pessoas amigas. Morrer em Agosto tem qualquer coisa de estranho, porque Agosto é um tempo tão suspenso que acreditaria que suspendesse até a morte.
Hoje choveu para limpar Agosto e deixar cheiro a terra forte. Para ondular o rio. Para ventar Lisboa.
1 Comments:
Venta Lisboa. Quando bebemos o gin decisivo? Fresco como o tempo a que pertencemos...
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