Requebrar
Sobes a duna pelo caminho entre o estormo. Cheira bem. Cheira aos teus 15 anos, ao creme nívea e à toalha do banho. Ouves agora aquele som tão nítido, que só se repete como um quebra-mar lá longe, nas tuas outras paragens, de ouvido no ouvido dos búzios. Ainda há pedaços de alcatrão a agarrarem-se aos pés, essas «chiclettes» negras do Atlântico. Já te custa a andar na areia fina (que só os estrangeiros levam para guardar este tempo em clepsidras) e não te rebolas ao sol como nos outros tempos em que a única coisa que se protegia à sombra era o rádio para ouvir as chegadas do ciclismo.
O mar requebra. Bandeira amarela a dizer «cuidadinho!» e tu a pensares que já assinala ao vento o resto da tua vida, quase, quase no vermelho. Depois, lembras os seus olhos matreiros a chegaram-te pendurados de alegria nas pestanas como biquínis nos cordéis e, a teus pés, uma espuma branca servida numa concha, a tua juventude como tisana ou o que dela resta no caroço! Denguice do seu tempo das tranças e do teu, quando fintavas as ondas de fio de cabedal ao pescoço.
O mar requebra. Bandeira amarela a dizer «cuidadinho!» e tu a pensares que já assinala ao vento o resto da tua vida, quase, quase no vermelho. Depois, lembras os seus olhos matreiros a chegaram-te pendurados de alegria nas pestanas como biquínis nos cordéis e, a teus pés, uma espuma branca servida numa concha, a tua juventude como tisana ou o que dela resta no caroço! Denguice do seu tempo das tranças e do teu, quando fintavas as ondas de fio de cabedal ao pescoço.
1 Comments:
tresmalhada ontem, como te contei, passamos também junto às tuas dunas, na impossível N109.
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