segunda-feira, agosto 27, 2007

handicap

tenho um handicap severo: não consigo gostar de ler Agustina. claro que não é obrigatório gostar de ler Agustina. mas eu gostava de gostar de ler Agustina. é que eu gosto da pessoa, da escritora, da figura, sem a conhecer, claro. gosto do que se diz dela, do que já ouvi dela, de a ouvir na TV, da sua gargalhada, estou quase como aquele senhora que um dia foi ter com ela e lhe disse: "eu gosto tanto, tanto, de si, que um dia ainda hei-de ler um livro seu".

só que, como gosto mesmo, já tentei ler-lhe um livro, dois, três: "A brusca", "Conversações com Dmitri e outras fantasias" e "Jóia de família". só me lembro do último, no qual marrei, marrei, marrei, até ter a certeza, lá para o meio, de que não ia conseguir gostar daquilo. num documentário sobre a escritora que há poucos dias pude rever no canal 2, depois de me deixar fascinar mais uma vez com o seu discurso, reparei que todos os ilustres entrevistados elegiam como seu preferido um livro diferente de Agustina, o que me deixou a pensar: será que apenas ainda não encontrei o meu livro? (talvez ainda tente o Fanny Owen, que tenho na prateleira e era o favorito de Pedro Mexia)

também gostava de gostar de Lídia Jorge mas, depois de um esforço descomunal para chegar ao fim de "O jardim sem limites", deixei quase no princípio "A costa dos murmúrios".

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9 Comments:

At 12:49 da tarde, Blogger CCF said...

A Agustina também não me apaixona, já não digo o mesmo da Lídia Jorge, cujas mulheres me impressionam muito. MAs o que gostei mesmo foi de encontrar aqui uma admiradora de José Luís Peixoto, pois embora já tenta emprestado e divulgado, não há no meu círculo ninguém que goste. Abraço.
~CC~

 
At 2:33 da tarde, Blogger Cristina Gomes da Silva said...

Olá M, partilho inteiramente das observaçoes que aqui deixas hoje. Ainda há dias dei comigo a pensar que leio muito mais homens do que mulheres, e as duas que nomeias, também não consigo "digeri-las". Não sei se é um handicap mas, pessoalmente, às vezes sinto que ando a perder qualquer coisa. A minha parceira CCF, não me perdoa eu não gostar do José Luís Peixoto.

 
At 6:08 da tarde, Blogger JPN said...

ok, eu faço o pleno. nunca consegui ler Agustina. gosto de Lidia Jorge e de José Luís Peixoto.

 
At 12:13 da manhã, Blogger Mónica (em Campanhã) said...

então para a inveja pura: a H ofereceu-me o cemitério de pianos autografado e antes de o livro sair estive num acontecimento em que o JLP (também se gosta dele) falava de como nasceu o livro (que nessa altura dizia que se ia chamar "cair através do céu dentro de um sonho") e actrizes diziam bocados do texto. deixei um post sobre isso mas já foi há muiiiito tempo.

 
At 1:43 da manhã, Blogger David (em Coimbra B) said...

Sim, josé Luís Peixoto. E lembro-me do post de há muiiiito tempo.

 
At 10:35 da manhã, Blogger CCF said...

Ah...claro que tenho inveja!!! Mas olha M agora é a tua vez! Eu também conheço pessoalmente o JLP! Leccionei durante muitos anos uma disciplina de Comunicação e Expressão com uma equipa de profs muito interessante. Todos os anos criavámos vários projectos que envolviam os 100/150 alunos da disciplina...há 3 anos distribuímos a cada um uma frase dos livros do JLP para eles inventarem um pequeno conto a partir dela. Escolhemos depois os cinco melhores e o JLP veio ouvi-los e atribuir os prémios. Adorou a iniciativa e como toda a cerimónia era traduzida em Lingua gestual portuguesa, ficou fascinado e pediu que a tradutora lhe traduzisse ali um poema dele. E já antes tinha estado lá na ESE num seminário sobre novos escritores que organizámos(onde esteve a Filipa Melo que é também interessante). Mas...eu não tenho o cemitério de pianos autografado!!!...está mal :)))
~CC~

 
At 8:32 da tarde, Blogger Mónica (em Campanhã) said...

CC: a minha inevja é maior que a tua. acho fantástico existirem profs e escolas assim. Daniel Pennac fala disso no seu "como um romance", de que falo abaixo, dizendo que são coisas assim que podem tornar uma pessoa, uma criança, um aluno, em alguém que gosta de ler.

 
At 11:56 da manhã, Blogger CCF said...

Obrigado M. Não sei o que fazes para além de leres e de escreveres tão bem, mas há algo a dizer-me que é coisa boa! :) Toma mais uma história do JLP...pedi-lhe para autografar o Antídoto mas disse-lhe que não era para mim mas para um amigo meu que está zangado com o mundo. Demorou muito tempo, todo enfiado na dedicatória do livro e a fila a crescer e a crescer. Quando fui ver, tinha desenhado um sol muito grande e bonito e escrito "que o sol possa ser o antídoto"!
~CC~

 
At 5:52 da tarde, Blogger Helena (em stª Apolónia) said...

Gosto das entrevistas da Agustina, dos seus vestidos e vaidades e bocados de livros. Gosto do seu jeito de ser feminina e gostava de envelhecer assim. De Lídia Jorge li à muitos, muitos anos e não voltei. Não porque não tenha gostado. Não porque tenha gostado. De JLP gosto muito. Muito mesmo.

 

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