domingo, julho 15, 2007

A Ibéria: jogada de pedra

A entrevista do Sr. Saramago, publicada no DN, é uma jogada de pedra, um arremesso de sobranceria. Sabemos da sua querela com Lara e Santana; sabemos da sua arte cristalina para a escrita; sabemos da sua crescente arrogância enquanto pessoa e sabemos dos seus «apontamentos», quando em director adjunto do mesmo DN, no ido PREC.

O Sr. Saramago é hoje Dom Saramago na ilha de Lanzarote. Se olhasse desse terreiro para os outros pontos cardeais, teria por inspiração a Madeira e os Açores, toda a constelação PALOP e o Altântico que, a par da língua em que tão bem se expressa, dão ainda identidade e grandeza à “sua” Lusitânia.

Como português, velho sem Restelo, dali olha apenas o Oriente, pousando na primeira pedra que encontra, Sidi Ifni, na costa marroquina e por aí se inspira nas “bravas” conquista de Espanha.

Quem passa o zipp fronteiriço entre Portugal e Espanha, entende que, geograficamente, os espanhóis só pararam o seu caminho de conquista para o mar, porque pedras se puseram, primeiro escolho, depois lusitanas, no meio do caminho.

Para contrariar Dom Saramago, Uderzo ainda há-de publicar um «Astérix na Lusitânia» e estou certo, que se o fizer, não esquecerá touradas, Viriato, os leitões para o Obélix e Fernando Pessoa. O nobel, logo se verá, mas do Brasil constará:

“No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.”

Carlos Drummond de Andrade

Contra a Ibéria, «hasta la victoria siempre!»

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