conversas
Cada vez mais aprecio uma boa conversa. Como aprecio o gosto do vinho. Ambos estes gostos se fazem de palavras. O do vinho, das palavras que se circundam o copo e o das conversas, das palavras que respiram perto do copo.
Uma boa conversa tem sabor encorpado, consistência quente e é de fácil trago.
O tempo de uma boa conversa é um tempo fecundo. Quente. Um verão inventado.
Uma boa conversa é um eficaz arado na terra que nos semeia a alma e o corpo. Semeia-a - nos.
Mas é mesmo de conversa que falo. Não de tertúlia em torno de um qualquer assunto, que nessas, eu mulher que acho quase nada com convicção, sou mais ouvinte que interveniente. Digamos que este é-me um prazer mais cinéfilo, mais visual, mais a preto e branco na beleza. É conversa, mesmo. Vagarosa. Aleatória. Crua. Feliz ou sofrível. Entediante ou exaltante. Conversa com ou sem fundo, com ou sem mundo.
Apreendo a reconhecer o prazer fecundante dessa saliva, a maturidade deste gosto.
Como novo gosto adquirido, trato de o fomentar. Com o pretexto do meu aniversário, organizei, um mês depois, um jantar de mulheres com mais de quarenta anos. Éramos sete e encostamo-nos num restaurante perto da escarpa do mar que deixou, com a noite, de se ver mas se pressentiu sempre. Endossei o convite com a promessa de uma noite de conversa salgada e o desafio de a acabarmos a dançar. As mulheres maduras tem saudades de dançar, suspeito sempre.(Para facilitar, se necessário fosse, prometi aos maridos que para o ano jantaria só com todos eles). E a noite foi cumprida mas a dança adiada. Certa de que as mulheres maduras tem saudades de dançar.
Fico dias com o sal dessas conversas soltas e destemidas, cruéis e lúcidas, enganadoras e desafiantes. Levo-as comigo carro dentro, estrada fora e vão interiormente a falar comigo as conversas que com outros tive. Estimulante forma de saber a vida esta a de engolir, como água ou vinho tinto, as palavras dos outros e com elas novas sedes matar.
Amanhã organizei jantar de “duas mulheres com maridos em Madrid”, porque me apetece uma conversa e dar-lhe nome como título de romance. Assim será cumprida mais uma noite insuspeitamente vulgar. São estes prazeres pequenos que me salgam a vida.
Uma boa conversa tem sabor encorpado, consistência quente e é de fácil trago.
O tempo de uma boa conversa é um tempo fecundo. Quente. Um verão inventado.
Uma boa conversa é um eficaz arado na terra que nos semeia a alma e o corpo. Semeia-a - nos.
Mas é mesmo de conversa que falo. Não de tertúlia em torno de um qualquer assunto, que nessas, eu mulher que acho quase nada com convicção, sou mais ouvinte que interveniente. Digamos que este é-me um prazer mais cinéfilo, mais visual, mais a preto e branco na beleza. É conversa, mesmo. Vagarosa. Aleatória. Crua. Feliz ou sofrível. Entediante ou exaltante. Conversa com ou sem fundo, com ou sem mundo.
Apreendo a reconhecer o prazer fecundante dessa saliva, a maturidade deste gosto.
Como novo gosto adquirido, trato de o fomentar. Com o pretexto do meu aniversário, organizei, um mês depois, um jantar de mulheres com mais de quarenta anos. Éramos sete e encostamo-nos num restaurante perto da escarpa do mar que deixou, com a noite, de se ver mas se pressentiu sempre. Endossei o convite com a promessa de uma noite de conversa salgada e o desafio de a acabarmos a dançar. As mulheres maduras tem saudades de dançar, suspeito sempre.(Para facilitar, se necessário fosse, prometi aos maridos que para o ano jantaria só com todos eles). E a noite foi cumprida mas a dança adiada. Certa de que as mulheres maduras tem saudades de dançar.
Fico dias com o sal dessas conversas soltas e destemidas, cruéis e lúcidas, enganadoras e desafiantes. Levo-as comigo carro dentro, estrada fora e vão interiormente a falar comigo as conversas que com outros tive. Estimulante forma de saber a vida esta a de engolir, como água ou vinho tinto, as palavras dos outros e com elas novas sedes matar.
Amanhã organizei jantar de “duas mulheres com maridos em Madrid”, porque me apetece uma conversa e dar-lhe nome como título de romance. Assim será cumprida mais uma noite insuspeitamente vulgar. São estes prazeres pequenos que me salgam a vida.
2 Comments:
tu és o espírito de uma boa conversa. eu às vezes acho que tenho tanto medo de uma má conversa que... nem entro na conversa. e hoje em dia elas são tão mais preciosas, tão mais escassas
E para quando a nossa conversa. Tenho vinho que baste...
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