sábado, novembro 28, 2009

Dormitar

Jacek Yerka

A nossa linha está estendida a dormitar percursos. Busca o gato, miando, o seu dono. A última chávena do chá da noite deixando restos de mel no fundo dos cacos, como excessos de açúcar nos lábios durante todo o tempo em que se cumpriu mais uma noite.
Desliga a televisão, está desligada, que mais queres? Não atendas o telefone, olha o céu das flores que é a tua vida toda pendurada nas suas folhas. Apaga o candeeiro, ainda é noite, amanhã de manhã cumprirei o que me pedes ao ouvido. Não tens sono? Lê o resto do livro, há silêncio absoluto, o cão branco não ladra senão a estranhos. Ajeita a almofada, põe todo o nosso lixo de antes no esgoto e vem deitar-te. Ainda não nasceu o dia para que partas e me digas talvez volte uma outra noite para nos compormos.

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