Coimbra-B
se ainda me bate forte o coração quando passo por Coimbra-B? mas claro, com tanta, tanta, força que me invade a agonia desesperada do fim das coisas todas que lá conheci. o fim que começava com a voz do chefe de estação "vai dar entrada na linha número dois o comboio inter-regional com destino a Porto-Campanhã" e avançava depois com o assomar da automotora - trágica e inexorável - na curva ao fundo da linha, numa marcha lentíssima que sabíamos ia acabar com tudo o que tínhamos quando nos descobríssemos dentro do comboio sós, desasados e sem nos conseguirmos lembrar como é que se vivia, como é que se respirava.
Coimbra-B está renovada, modernaça, limpa e colorida e, no entanto, não passo por lá sem que me surjam através da janela memórias a preto e branco das nossas mochilas no chão, sem ouvir violas e vozes ameaçando que todos os dias "são dias que passam" e sem sentir os olhos exaustos de tanto chorar.
deixamos lá, dissolvidos na argamassa e na atmosfera da tua estação, demasiada terra, demasiado sal, um cancioneiro inteiro, saudades gigantescas uns dos outros, todo o nosso medo de viver. não duvides disso David, nunca mais.
3 Comments:
Tambem não passo lá sem fechar os olhos, voltar atras e ouvir o eco do encontro dos campos em coimbra B. bjs
Não duvido nunca mais... e essa foto diz tudo, não é?
Uma bela carta a que escreveste, Mónica. Abraço
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