desfazer as malas
fui para férias a meio das 700 e tal páginas de Exodus mas a sul pude acabá-lo de um fôlego só, demorando depois muito tempo a libertar-me da sua atmosfera. este romance histórico (que vejo desde pequena em casa dos meus pais) conta a vida trágica dos judeus desde finais do século XIX e até alguns anos após a criação do estado de Israel.
foi só depois de começar a ler Amos Oz, e em particular depois do belíssimo (autobiográfico) "Uma história de amor e trevas", que percebi que precisava de conhecer mais sobre a história do povo judaico.
compreender que a tragédia dos judeus não começou nem acabou com o holocausto de Hitler, é demasiado horrível. descobrir que tantos povos, durante tantos séculos, perseguiram, torturaram e humilharam pessoas com base na sua etnia ou religião, sufoca-me. ver como, então como agora, governantes de países insuspeitos fecharam os olhos às atrocidades cometidas por outros, em nome de interesses e estratégias várias, tira-me a esperança. e aprender como é possível resistir, resistir, resistir, para lá do que é humano, para lá do que é respirável, na maior adversidade, no maior isolamento, no impensável. resistir e vencer, defendendo cada dia de vida, cada metro de terra sua, cada rosa, cada grão de areia, cada gota de água, cada palavra, cada oração, cada passo.
(quando fui à procura dele, o livro de casa dos meus pais já tinha desaparecido. nas livrarias também me disseram que estava esgotado. tive a sorte de pouco depois encontrar este Exodus, na montra de um alfarrabista, e por 5 euros!)
7 Comments:
Bdia, Mónica,
também a mim me toca essa "história" e no domínio do romance tenho devorado todos os livros de Richard Zimler (a Sétima Porta é precioso) e um de uma historiadora francesa que me impressionou de sobremaneira - A Senhora - de Catherine Clément. O Exodus ainda não tive coragem...
Abraço
obrigada pelas dicas. já me tinham apontado R Zimler para seguir este filão. anoto tb C Clément
Mónica, apesar do passado desse povo, a sua história actual não pode ser compreendida sem o outro lado, ou seja, sem o que se passa na Palestina desde 1948. O livro de Alexandra Lucas Coelho - Oriente Próximo - dá-nos bem conta disso. Temos aqui pano para mangas de vários fatos. Abraço
Meu Deus, o quanto eu chorei a ler Exodus. Acho que fazia parte da estante que o meu pai abandonou na sua fuga pelo mundo e assim chegou às minhas mãos. Certo é que o li muito jovem. E como demorou a deixar-me a pele e os sonhos. Já na altura toda a esquerda desconfiava dos judeus, achando que tinham roubado aos palestinianos a sua terra, e eu mal conseguia balbuciar baixinho o que eu sentia, mas apetecia-me dizer: leiam, leiam exodus.
A Alexandra esteve connosco aqui na escola, ela e o livro são muito bonitos.
~CC~
Oriente próximo é o próximo na minha mesa de cabeceira, obrigada pela sugestão Cristina.
olha CC, aos 40 ainda rolam as lágrimas a ler o Exodus.
Tenho, imagina, desde 82, o QB VII do Leon Uris - Queen's Bench Court VII - Tribunal da Rainha. É a minha única referência. Na FNAC não encontrei o «Exodus». Estou curioso...
só mesmo nos alfabrrabistas. se não te encontrar um por cá mando-te o meu pelos correios (quando achares que vais poder meter-te numa aventura de 750 páginas)
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