Viver
Apetece-me pensar que pouco mais há a fazer nesta terra do que inspirar. No substantivo e no verbo. Nem olhos demasiado abertos, nem boca húmida, nem ouvidos atentos, nem cabeça a latejar passados, apenas um nariz disponível untado a Vicks Vaporub, descongestionando ventos. Acomodar as felizes palavras que recebemos e estender dedos armadilhados para os sítios onde tocarás o prazer. Aí respiramos outra vez. Não é ocupar o teu tempo, cheio que está da azáfama dos dias. É ocupar a tua memória, essa arca que transportas como uma árvore, temendo que eu caia, nós ou nozes, nogueiras antigas, temendo que lhe partam os frutos.
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