Cumprindo - 12 palavras
Aleatório – sempre gostei desta palavra que me aparecia, associada a passeio, nas sebentas de matemática como um modelo facilmente transposto para as correntes eléctricas. Passeio Aleatório. Lembro algumas tardes de conversa, sobre o tema, em berengues de madeira frente ao atlântico. Veio ainda a ser, mais tarde, o nome do programa da Mónica e do JP na rádio Caos, ás sextas à noite, dos quais ainda guardo umas gravações em cassetes antigas e roufenhas. Continuo a achar que a trama da vida de cada um cabe, inteira, nestas duas palavras associadas: passeio aleatório.
Buenos Aires – nunca lá estive. Não é cidade, não é tango, não é Borges. É espécie de geografia para um lugar do mundo que existe em mim.
Photo – sempre assim escrevi a palavra quando me referia ás minhas fotografias a preto e branco. Durante alguns anos, na doçura triste dos aniversários, entretinha-me a gastar um rolo a preto e branco e a fotografar-me sobre um espelho, quase sempre com o rosto escondido na objectiva. Numerava-as, photo 1, photo 2,etc e em cada uma delas escrevia “ parabéns Miss Helen “. Algumas, ainda hoje as tenho.Acho-as mais bonitas agora, com a doçura do tempo.
Cartas – o amargo da cola na língua, e o doce e o desespero das palavras fechadas dentro delas. A espera da resposta ou do crescer do mundo inteiro.
Traição – sempre a usei, a palavra, no sentido unívoco e feliz de ser a vida a trair-me. Quando ela, inesperadamente, nos trai e nos permite a felicidade num homem, num acaso, num texto, num instante, numa brevidade. Quando a vida se sintetiza num arrepio, numa comoção extrema.
Sussurro – são as palavras que se dizem como verão, com o ar quente da proximidade.
Suculenta – gosto desta palavra per si.
Haverá seguramente muitas outras. Deixo a falta das quatro no pressuposto de haverem palavras que ainda não sei.
Buenos Aires – nunca lá estive. Não é cidade, não é tango, não é Borges. É espécie de geografia para um lugar do mundo que existe em mim.
Photo – sempre assim escrevi a palavra quando me referia ás minhas fotografias a preto e branco. Durante alguns anos, na doçura triste dos aniversários, entretinha-me a gastar um rolo a preto e branco e a fotografar-me sobre um espelho, quase sempre com o rosto escondido na objectiva. Numerava-as, photo 1, photo 2,etc e em cada uma delas escrevia “ parabéns Miss Helen “. Algumas, ainda hoje as tenho.Acho-as mais bonitas agora, com a doçura do tempo.
Cartas – o amargo da cola na língua, e o doce e o desespero das palavras fechadas dentro delas. A espera da resposta ou do crescer do mundo inteiro.
Traição – sempre a usei, a palavra, no sentido unívoco e feliz de ser a vida a trair-me. Quando ela, inesperadamente, nos trai e nos permite a felicidade num homem, num acaso, num texto, num instante, numa brevidade. Quando a vida se sintetiza num arrepio, numa comoção extrema.
Sussurro – são as palavras que se dizem como verão, com o ar quente da proximidade.
Suculenta – gosto desta palavra per si.
Haverá seguramente muitas outras. Deixo a falta das quatro no pressuposto de haverem palavras que ainda não sei.
4 Comments:
e eu gosto de te ler.
(era passado aleatório)
Buenos Aires...! Desejo adiado, faz parte da minha lista. Bonitas também as coisas insignificantes, partilho muitas. Abraços,
~CC~
Como bem disseste, tenho muitas palavras que ainda não sei.
também gosto muito de ler as tuas palavras. as que escreves e as que ficam, em sussurro à espera de vez.
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