VALSA FEMININA
Desde cedo festejei com música mulheres que me vão fazendo a vida. A cada uma, sob a casca de um segredo só meu, marquei-lhes indelével na pele um som, ferrete inscrito na anca esquerda a duas linhas. De aço. Do Norte, do Centro e do Sul. Hoje, sempre que ouço os primeiros acordes de qualquer música mais certeira, imediatamente um rosto se ilumina, um antigo lugar arruma o seu espaço à espreita que voltemos, um meridiano muda de sítio para ancorar tempo no tempo, uma voz silencia, dobrada, no imprevisto do momento que se animou. A velha letra, cantada ou apenas trauteada, retoca as palavras a ponteiro de giz, bâton-creme passeando na flor dos lábios como se o risco protegesse a erosão da deixada cicatriz.
Nunca lhes disse em que pauta as encontro, nem do ritmo ou movimento em que me balançam a vida. Nunca ousei dizer-lhes, mesmo baixinho – esta é a música onde te ouço sempre!
As músicas lembram-me que existem. Quando a memória se apaga, vou à estante dos discos e escolho duas numa só – música e mulher - e o gozo de saber o que elas não sabem. Uma a uma um dia saberá. Porque direi, ou porque adivinhará. Um jogo, um segredo da gestão dos afectos, que não guardarei apenas de mim!
Nunca lhes disse em que pauta as encontro, nem do ritmo ou movimento em que me balançam a vida. Nunca ousei dizer-lhes, mesmo baixinho – esta é a música onde te ouço sempre!
As músicas lembram-me que existem. Quando a memória se apaga, vou à estante dos discos e escolho duas numa só – música e mulher - e o gozo de saber o que elas não sabem. Uma a uma um dia saberá. Porque direi, ou porque adivinhará. Um jogo, um segredo da gestão dos afectos, que não guardarei apenas de mim!
2 Comments:
excelente inauguração como dj da linha. agora mais nada nos pode parar.
eu guardo-me. como se quisesse prolongar por um bocadinho mais de tempo esse prazer reservado.colar a um texto uma mmúsica.
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