Estrada até Outubro
reencontrar agora esta música é uma viagem, diz M.
Fim de setembro, o amor imenso, procuravamos um lugar no mundo para nele caber sózinhos. Havia sempre os comboios que nos levavam aos braços um do outro.
“ Eu estou sempre como agora. Tu não sais nunca da minha frente. As pessoas não crescem. As árvores não morrem. Se a vida pudesse ser parada, eu parava-a aqui.”
A aldeia abandonada, Talasnal, a casa de xisto para nos abrigar. Tardes deitados na eira, sem uma única palavra, esta música e a serra.
“As coisas que não se deixam continuar são as mais tristes de todas. Não são tempos mortos. São tempos assassinados. As coisas vivas têm o direito de morrer devagar. “
Não sabiamos ainda, mas fomos lá morrer. Devagar. Dolorosamente como acontece aos amores que julgamos infinitos.Como acontece ao que respira. Aos pés desta música.
“ As coisas transformam-se enquanto as seguramos. Deixavam vazios onde as víamos. Só o nosso olhar não parece transformar-se. Mas é um sítio onde os outros já deixaram de procurar. Em tempos atravessou-me os olhos uma luz ansiosa que se deixava perseguir e acalmar.”
Descemos a serra para de novo acabar em Coimbra-B. As estações e os comboios sempre foram o princípio e o fim dos braços e abraços. A luz dolorosa do entardecer. O abismo. Esta música na pele. Ela, não cabia nos comboios.
“ Sou contra as viagens. As viagens existem,mas não se deviam forçar. Partir para quê ?”
Do Sul escrevia cartas. As mais bonitas e únicas cartas de amor. Recortava frases, como estas transcritas, do Independente de sexta, colava fotografias, escrevia nelas o que não cabia em mim.
“ Mas as coisas velhas não se curam com coisas novas. Sobretudo quando não se lhes dá o tempo para envelhecer.É como se quiséssemos mudar de corpo cada vez que adoecêssemos.”
Houve o tempo.A aprendizagem do amor. Assim se percorreu, milímetro a milímetro, a pele da dor. Com esta música.
Desta música sou feita, como desta história.
Fim de setembro, o amor imenso, procuravamos um lugar no mundo para nele caber sózinhos. Havia sempre os comboios que nos levavam aos braços um do outro.
“ Eu estou sempre como agora. Tu não sais nunca da minha frente. As pessoas não crescem. As árvores não morrem. Se a vida pudesse ser parada, eu parava-a aqui.”
A aldeia abandonada, Talasnal, a casa de xisto para nos abrigar. Tardes deitados na eira, sem uma única palavra, esta música e a serra.
“As coisas que não se deixam continuar são as mais tristes de todas. Não são tempos mortos. São tempos assassinados. As coisas vivas têm o direito de morrer devagar. “
Não sabiamos ainda, mas fomos lá morrer. Devagar. Dolorosamente como acontece aos amores que julgamos infinitos.Como acontece ao que respira. Aos pés desta música.
“ As coisas transformam-se enquanto as seguramos. Deixavam vazios onde as víamos. Só o nosso olhar não parece transformar-se. Mas é um sítio onde os outros já deixaram de procurar. Em tempos atravessou-me os olhos uma luz ansiosa que se deixava perseguir e acalmar.”
Descemos a serra para de novo acabar em Coimbra-B. As estações e os comboios sempre foram o princípio e o fim dos braços e abraços. A luz dolorosa do entardecer. O abismo. Esta música na pele. Ela, não cabia nos comboios.
“ Sou contra as viagens. As viagens existem,mas não se deviam forçar. Partir para quê ?”
Do Sul escrevia cartas. As mais bonitas e únicas cartas de amor. Recortava frases, como estas transcritas, do Independente de sexta, colava fotografias, escrevia nelas o que não cabia em mim.
“ Mas as coisas velhas não se curam com coisas novas. Sobretudo quando não se lhes dá o tempo para envelhecer.É como se quiséssemos mudar de corpo cada vez que adoecêssemos.”
Houve o tempo.A aprendizagem do amor. Assim se percorreu, milímetro a milímetro, a pele da dor. Com esta música.
Desta música sou feita, como desta história.
5 Comments:
a música é poderosa e está em toda a parte de nós
A música é, ela própria, a linha, o combóio, a viagem, a vida de pernas para o ar, o(re)começo, o que resiste, o que não passa (como os perfumes, de resto, sei do que falas...), que nos leva,estrutura de nós, implosão da saudade, estrada, estação e estilhaço, ...um absurdo, Durutty Column às 4h da tarde, há de repente um arrepio a sublinhar o dia (uma linha, portanto). Meninos da linha, importam-se de me deixar trabalhar...???
Eram cartas trabalhadas a cinzel. Recortes, fotos, frases escolhidas para o momento. Muitas sairam daqui em combóios rápidos na distribuição dos costumes. Quantas têm ainda minhas, tu e M?
M terá seguramente. Eu tenho-as dispersas, sem lugar certo na casa. Só as muito, muito antigas tem cordel e tem exactidão no lugar.
Sempre foram fabulosas essas tuas montagens.
nunca contei, mas tenho-as TODAS.
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