quinta-feira, fevereiro 23, 2006

A AUTOMOTORA

A automotora da Lousã. Passa todos os dias à minha porta e diz que passa com som a rigor, sem “audio converter”, sistema “drag and drop”, MP3, ou outras fintas subtis. Avisa que vai passar num apito, tão simples e tão agudo como o silvo dos antigos navios de proa feita ao largo da barra. Flautas de bisel. Percebo-a bem. Para a Lousã uma viola bastava e vozes em desafio roucas, bonitas… tanto faz. Íamos a cantar.
Se me antecipo, trava-me aqui e deixa-se fotografar. Gosta de brincar, sabe o meu destino e com isso diverte-se, porque o caminho desta linha acompanha de alegria quem vai, sabendo que volta, alegria pendular como o bater do coração.
E eu, avesso a horários rígidos e a relógios, carregadinho de inveja por não ir, tenho que gramar um minuto de espera numa hora pontual. Aqui, 9:57, quando vem à tabela, claro!

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