domingo, novembro 28, 2010

câmara lenta, quase imóvel

apetecia-me deixar aqui o amarelo irreal das folhas das árvores lá fora (árvores que no Outono parecem florescer de folhas caducas que afinal prometem não chegar a cair). mas está frio e eu, de pantufas e preguiça a pesar-me nos bolsos, não consigo chegar a sair. penso todos os dias quando passo por elas: um dia vou-me arrepender de não vos fotografar. um dia vou querer explicar a alguém que as árvores da minha rua no Outono floresciam de uma amarelo fulgurante e frondoso e ninguém vai acreditar. eu própria vou duvidar e concluir que, se fosse verdade, eu as teria fotografado.

apetecia-me deixar aqui esta música do fim dos tempos em que tropecei hoje no iTunes e que ouço em loooop: diamonds and rust. sempre a imaginei a Joan Baez a sofrer este poema pelo Bob Dylan. sempre lhes invejei o amor literário que se liberta, em tom menor, desta canção. um amor trágico e intenso como sempre imaginei os amores dos outros. uma espécie de amor que se vive de ser escrito e invejado por quem sabe, como nós, o que as recordações podem trazer: diamantes e ferrugem.

"now you're telling me you're not nosthalgic
then give me another word for it
you were so good with words
and with keeping things vague
'cause I need some of that vagueness now
it's all coming back too clearly
yes I loved you dearly
and if you're offering me diamonds and rust
I've already paid"

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2 Comments:

At 7:05 da tarde, Blogger Helena (em stª Apolónia) said...

voltamos sempre... demora mas voltamos. no frio enrolamo-nos no quente da Linha...
(para a semana estou aí! eu fotografo...as folhas da tua rua)

 
At 1:29 da manhã, Blogger JPN said...

saudades de Joan Baez...

 

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