sexta-feira, dezembro 18, 2009

Bonança no deserto


© Algeciras 1991

Em 1991, a 06 de Outubro, tenho ideia lida na página do El País a bordo do barco entre Algeciras e Ceuta, que Cavaco Silva tinha obtido a sua segunda maioria absoluta. Pontuar o tempo. Partia para Marrocos. Expedição «Bonança no deserto». Ainda no porto, a curiosidade dos olhos reteve esta imagem da luta do «pueblo Saharauí» num caixote de lixo. Ficou por memória. Ninguém da comitiva comentou o assunto, ou por pura ignorância, ou por maior desejo de chegar à África prometida e ao deserto, objectivo primeiro.
Tivemos poucos problemas na fronteira da linha da frente polisário. Divertimo-nos como meninos com baldes e pás na areia. Ali coleccionei o meu maior número de estrelas e trouxe na garrafa de água como a da foto, «Sidi Ali», uma quantidade única de areia de Erfoud para um dia encher uma clepsidra. Outra vez pontuar o tempo.
Aminetu Haidar devolveu-me a memória. Mais que a causa, procura os filhos como as árvores procuram o sol, fototropia.
Fez greve de fome, esse alimento do protesto inseguro. Ouvi hoje que um avião-médico a devolveu à areia, à natureza da sua idiossincrasia. O caixote do lixo ficará vazio de protesto. Que coma um pão marroquino e um prato de couscous, beije os filhos, mantenha-se inteira e que o Rei retire os cavalos da praia.

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