dores de crescimento
ainda vai fazer oito anos, faltam-lhe os dentes da frente, mas já anda às voltas com o corpo que tem: "não me sinto bem de saias", ou "como é que se tiram os pêlos?". começo a sofrer por ela mais que o que sofri comigo própria. é que eu só comecei aos 12 ou 13 anos (uma aflição com os pêlos, com o tamanho do rabo, a forma de tudo, um desassossego de que só recuperei lá para os 18), e lembro-me bem de ter, então, em plena aflição, saudades do bonita que me sentia quando era criança, da segurança que trazia no corpo antes dele crescer. mas esta minha filha, quando é que sentiu bem com o seu corpo se aos 7 já sofre assim? terá direito, como eu tive, ao seu país de cristal?
há dias ao deitar, a carita triste enquanto rezávamos, e uma pergunta mal acabamos: "ó mã-ãe, como é que as senhoras fazem para os bigodes não lhes crescerem muito?". eu a explicar que usavam, entre outras coisas, cera e ela, escandalizada: "dos ouvidos?", não, não, e rio-me muito sem lhe conseguir explicar a tempo doutra pergunta: "então, das velas?"
Etiquetas: filhos, país de cristal
1 Comments:
Pois é, Mónica, elas crescem depressa demais, ou somos nós que a isso as obrigamos. Na voracidade do tempo que nos consome e que nos angustia, sem que possamos pará-lo. Abraço
Enviar um comentário
<< Home