terça-feira, fevereiro 05, 2008

entre Pitões e os Carris

(Gerês, 1993)

anteontem uma história como a nossa abriu vários telejornais. não fosse estarmos em Junho, talvez também tivéssemos que ser resgatados de helicóptero. nós, sim, inconscientes (nem montanhistas, que fará experientes, nada).

dividimo-nos em 2 grupos: 5 partiram de Pitões e 4 da Portela do Homem. havia umas cartas militares que alguns saberiam decifrar e nelas um ponto vago onde nos encontraríamos. uns pães na mochila, água, um saco-cama, cigarros e wisky (que serviu para desinfectar a ferida de um prego espetado no pé). andamos e andamos e andamos. e respiramos. aquele, seguramente, um dos lugares onde nos foi possível respirar.

quando a noite começava a cair e nos apercebíamos de quão vago se havia tornado esse ponto de encontro fixado no mapa, ouvimos o assobio do outro grupo. tínhamos conseguido! foi uma festa e ficamos ali mesmo para passar a noite.

acordamos de madrugada com uma violenta tempestade: relâmpagos, trovões e chuva torrencial. só nesse momento me ocorreu: que podíamos ficar ali, reféns da natureza e da nossa imprudência. imaginei os telejornais, senti-me pequena, minúscula, faltou-me subitamente todo o ar já respirado. mas passou depressa: afinal não passava de uma rápida tempestade de Verão. pusemos os pés ao caminho (desta feita todos juntos em direcção à Portela visto que o troço Pitões-Carris foi descrito como irrepetível pelo grupo que o fez) e sobrevivemos para contar a história.

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2 Comments:

At 6:18 da tarde, Blogger CCF said...

Também eu já faz vinte e cinco anos andei por lá. Verão, calor e muitas abelhas. E paixão também.
Depois um acampamento pitoresco em Montalegre...chegámos de dia e decidimos acampar no castelo e lá montamos a tendinha...quando anoiteceu, a tenda, iluminada por um grande holofote, via-se da vila e era por todos apontada...estão a acampar no castelo! Coisa de gente que ama o campo mas nasceu na cidade.
Abraços
~CC~

 
At 6:22 da tarde, Blogger Luís Bonifácio said...

Do Gerez aos Prados do conho. Dos prados do conho à paradela e da paradela a Pitões.

Cansativo, sim, mas o cozido da Tia Maria valia a pena e comê-lo após uma caminhada de vários dias trazia o paraíso à terra.

 

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