terça-feira, fevereiro 05, 2008

Pitões das Júnias


Ontem diziam as televisões que três pessoas se perderam em Pitões das Júnias. Disseram-no pela noite dentro. E eu voltei a Pitões... como em alguns dos fevereiros antigos. Voltei ao lugar do silêncio. Sem a Renault azul e sem as sebentas de álgebra para estudar, porque acreditavamos nós que ali o tempo era infinito e a matemática se saberia com o vagar das serranias. A Maria, de negro, esperava-nos sempre na casa de pedra e deixava-nos o quarto do 1º andar a dar para o longe do mundo.

O mosteiro escondido no vale, as caminhadas pelos penhascos, o silêncio do mundo e o vento, a aldeia e a hora do recolher do gado, o cheiro a lenha a arder por dentro das casas e a proximidade do fim, da fronteira, do limite. O resto do mundo logo ali em Espanha, na divisória de urze, que é assim que o mundo se delimita nos lugares onde o silêncio vem morrer com pertença.

Ás vezes Montalegre para comprar rolos de fotografia e beber um café. Telefonar para casa e comprar o jornal. Fevereiro sem Lisboa e com o fim do mundo, possível.

Pitões é-me um lugar de memória granítica. Bonito em mim, como nenhum. Também um nome e um homem. Um amor. Um vento. Um tempo. Perdida em Pitões.

3 Comments:

At 12:08 da tarde, Blogger Mónica (em Campanhã) said...

ah Pitões, ainda ontem comentava isso, o nosso passado a abrir telejornais

 
At 7:51 da tarde, Blogger Jose Paulo said...

Há muitos anos atrás (fim da década de 80) também andei por lá! Lembro-me de um frrrrrrrrriiioo horrível!!

Jose Paulo
www.pbase.com/jandrade

 
At 2:49 da manhã, Blogger David (em Coimbra B) said...

Granítico, como a nossa boa memória!

 

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