Carlos Tê
o tempo passa e não cesso de me deslumbrar com a escrita deste homem que dá corpo à música de Rui Veloso. sempre achei que, para além da dupla musical, dele viriam um dia grandes livros, grandes histórias. o mundo da música está cheio de escritores mas Carlos Tê, escrevendo sempre à roda da vidinha e do que nos é tangível (a cidade, o amor, a melancolia de viver), é magistral - provocando frequentemente a sensação de nos roubar da ponta da pena aquilo que nós estávamos quase quase a escrever (mas, claro, nunca conseguiríamos).
nos meus tempos de departamento cultural da associação de estudantes da faculdade (dando cumprimento ao lema de Abel Salazar, nosso patrono: "um médico que só sabe Medicina nem Medicina sabe"), estive na organização de um concurso literário* para cujos júris decidimos convidar, além de um escritor e de um professor dado à literatura, um escritor de letras de música. foi assim que um dia fui parar, com o molho de contos concorrentes à modalidade de prosa, a casa de Carlos Tê. impressionou-me que um homem para mim tão obviamente condenado a um estrondoso sucesso literário tivesse afinal um emprego banal e vivesse num apartamento simples na outra margem. ainda assim considero um privilégio, um passe de mágica, ter chegado à fala com esse meu ídolo feito de palavras.
(*já não me lembro se foi nesse concurso que a H ganhou o primeiro prémio de prosa, ficando com a promessa, nunca cumprida, de publicação)
Etiquetas: Carlos Tê, minhas histórias
1 Comments:
E "A gente não lê"... que já vais ouvir.
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