quinta-feira, novembro 16, 2006

VL, mulher que me fez vida


Para VL


Acredito em H quando aqui escreve «que a felicidade, às vezes, se faz de coordenadas secretas.» Peço permissão a M de avançar música mais depressa na nossa irregular cadência do tempo, porque VL merece. É que há outras mulheres na minha vida que me contornaram os limites do desejo com uma mesma garantia de felicidade por perto. VL, no caso, fez-me crescer musgo na pele (hoje carinhoso), deixando nela o bom tempo que foi.

Não guardámos lugares – era apenas um telefonema disponível, uma correria de carro, depois uma sala pequena, uma estante de livros, sofás de começo de vida, mesa de palha com um cinzeiro sempre cheio, copos, horas de conversa boa, música e, no outro lado da parede, um colchão vazio com um edredão que nos aconchegava o amanhecer do resto das conversas noite dentro. Uma coordenada secreta.

As paixões dormem como as princesas. Quando agitadas - como quando escorregamos na cabeça de um fósforo, a exemplo, como o de hoje - crescem por ela uma antiga chama e o vento de levante sopra no farol outrora apagado acesos azimutes de conforto.

Um dia, quando a sorte do tempo nos fizer encontrar, falaremos disso. À mesa dos simples. Não digo onde, dir-lhe-ei apenas onde estarão por tempo indeterminado, disponíveis, a limpidez dos meus olhos para os dela, outra coordenada secreta.


1 Comments:

At 7:25 da tarde, Blogger Mónica (em Campanhã) said...

ai doce desassossego esse, o de uma paixão que acorda depois do sono do tempo

 

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