terça-feira, novembro 14, 2006

... de lugares


Há lugares em mim que não têm geografia. Não os sei apontar a dedo num mapa. Muito dos lugares onde fomos imensamente felizes, como diz M, não os sei localizar num mapa. Sei-lhes o nome, sei-lhes os cheiros e o sabor do frio das madrugadas ou só o escuro das noites em que frágeis, fortemente crescemos. Lembro as casas onde ficávamos, mas suspeito que as confundo na paisagem. Os lugares do afecto recusam em mim uma geografia.

Já dera por ela ... mas D, no seu post “lugares”, reavivou. É como um bloqueio, cortei as estradas e as linhas reais a esses lugares. Ficaram e deixaram-se em mim como que lugares perdidos e inacessíveis. Não sei porque se processou assim em mim, mas não foram as cheias ou as trovoadas que lhes vedaram a acessibilidade. Suspeito que tenha sido um processo involuntário de dizer que há lugares que só têm tempo e não geografia. Que há lugares, não mapeáveis, a que o mundo não pode chegar com excepção dos que lá estiveram e esses, sabem-nos. Que a felicidade, às vezes, se faz de coordenadas secretas.

3 Comments:

At 9:48 da tarde, Blogger Mónica (em Campanhã) said...

voltar a sítios onde fomos felizes... eu às vezes não resisto. já postei aqui há tempos o poema de J Sena que tão magistralmente fala disso
"(...) É que os lugares acabam, ou ainda antes
de serem destruídos, as pessoas somem,
e não mais voltam onde parecia
que elas ou outras voltariam sempre
por toda a eternidade. Mas não voltam,
desviadas por razões ou por razões nenhumas (...)"

os lugares feitos tempo feitos gente, não voltam

 
At 12:50 da manhã, Blogger David (em Coimbra B) said...

Percebo H. Percebo M. Continuo a somar-me sítios na vida, vício de que não sei sair... como Montánchez.
É perto de Marvão H. Tu que às vezes andas por aí dá lá um salto. Depois conta.

 
At 11:51 da tarde, Blogger Alexandre said...

é como em stalker. lembras-te?

 

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