caderno de duas linhas- II
II
Prontos para partir. Fazer estradas, cheirar a chuva, chorar na concavidade do ombro dele, sem dizer. Mas há que vos dizer o equívoco, antes mesmo de meter a primeira na caixa de velocidades. O homem desconhece, por ora, este engano.
Quando a carta chegou já sabia o desafio. Pensou, ele. Acontece que o carteiro da casa onde a carta chegou era homem dado a perversões. A casa da carta ficava no final da rua do mar. A terra era pequena e as horas dolentes como as marés. Os amores fechavam as janelas de madeira, as sombras deitavam as árvores, os homens iam ao mar. Quase nada acontecia naquela terra pequena.
O carteiro, cansado de não ir ao mar e não ousar marear a morte, começou devagar a fazer histórias, ou seja, a trocar a correspondência dos poucos da terra. A coisa ganhou tamanha dimensão que a partir de dada altura nunca carta nenhuma chegou a destinatário certo. As histórias trocadas, por pudor envergonhado, ficaram na cal das casas e no silêncio dos poucos da terra. Mas o carteiro escondeu bem a excitação na farda, e arranjou assim um jeito de passar as horas a prescutar os silêncios depois da hora da distribuição.
Foi assim que a carta lhe chegou, a ele. Tal como a mulher e o sal. Mal se quedou na gare da estação percebeu não ser aquele o homem. Trocou a marca do carro. Procurou o ombro pelo cheiro do perfume. Em frente à linha do comboio, estremeceu. Perdeu a noção em que sentido o seu comboio chegara. Mas porque é que a sua história não haveria de caber naquele homem? Falou de viagens e começou num livro. Amanhã estariam prontos a partir.
Acordou devagar, afagou as mãos frias na chávena de café forte e quente. Fumou dois cigarros e ajeitou-se ao dia.
Sentou-se ao lado dele, ao volante, deu-lhe um beijo e abriu o mapa. « Vamos... »
Quando a carta chegou já sabia o desafio. Pensou, ele. Acontece que o carteiro da casa onde a carta chegou era homem dado a perversões. A casa da carta ficava no final da rua do mar. A terra era pequena e as horas dolentes como as marés. Os amores fechavam as janelas de madeira, as sombras deitavam as árvores, os homens iam ao mar. Quase nada acontecia naquela terra pequena.
O carteiro, cansado de não ir ao mar e não ousar marear a morte, começou devagar a fazer histórias, ou seja, a trocar a correspondência dos poucos da terra. A coisa ganhou tamanha dimensão que a partir de dada altura nunca carta nenhuma chegou a destinatário certo. As histórias trocadas, por pudor envergonhado, ficaram na cal das casas e no silêncio dos poucos da terra. Mas o carteiro escondeu bem a excitação na farda, e arranjou assim um jeito de passar as horas a prescutar os silêncios depois da hora da distribuição.
Foi assim que a carta lhe chegou, a ele. Tal como a mulher e o sal. Mal se quedou na gare da estação percebeu não ser aquele o homem. Trocou a marca do carro. Procurou o ombro pelo cheiro do perfume. Em frente à linha do comboio, estremeceu. Perdeu a noção em que sentido o seu comboio chegara. Mas porque é que a sua história não haveria de caber naquele homem? Falou de viagens e começou num livro. Amanhã estariam prontos a partir.
Acordou devagar, afagou as mãos frias na chávena de café forte e quente. Fumou dois cigarros e ajeitou-se ao dia.
Sentou-se ao lado dele, ao volante, deu-lhe um beijo e abriu o mapa. « Vamos... »
2 Comments:
Companheiro... hoje não consegui validar o texto, ou seja, se houver erro grave faz-me o favor de corrigir.
Vou corrigir apenas alguma pontuação. A saga continua dentro de momentos.
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