leitura em voz alta
parece que o badalado Plano Nacional de Leitura prevê um forte ataque nas escolas que inclui a instituição da prática da leitura em voz alta, não só no pré-escolar mas também nos anos seguintes em que as crianças já saberem ler para si.
desde que Jim Morrison me ensinou "An American Prayer" que conheço a força poderosa das palavras ditas. e, depois de Carlos Tê ("Guardador de Margens"), das cantadas também. ainda há tempos, ao ouvir na TV (entre um telejornal e um concurso) Diogo Infante a dizer "Noutros Lugares", a paixão por um autor que desconhecia foi imediata: nunca mais parei de ler Jorge Sena.
e que dizer de H Ribeiro, quieto e camuflado pela vegetação da serra, a dizer, sem música alguma "eu fui ver a minha amada / lá nos campos eu fui ver / dei-lhe uma rosa encarnada / para de mim se prender"? H Ribeiro dizia poesia como se falasse de mim, para mim, para cada um dos que o ouviam ("como é que ele saberia que…?"). as palavras dos outros estendidas até mim pela sua voz transformavam-se nas minhas próprias palavras.
não sei o que aconteceu primeiro: se, como escreveu Yourcenar, a palavra escrita me ensinou a ouvir a voz humana, ou se foi a voz humana que me ensinou a amar palavra escrita. só sei que acredito no poder da leitura em voz alta como acredito na luz do sol, no amor e nos sonhos.
há dias, num Jornal de Letras, António Torrado, escritor da infância, defendia a prática da leitura em voz alta nas salas de aula, bem como a inclusão nos programas escolares da leitura integral de obras infantis, em oposição à constante fragmentação a que actualmente estas obras são sujeitas nos manuais.
desde que Jim Morrison me ensinou "An American Prayer" que conheço a força poderosa das palavras ditas. e, depois de Carlos Tê ("Guardador de Margens"), das cantadas também. ainda há tempos, ao ouvir na TV (entre um telejornal e um concurso) Diogo Infante a dizer "Noutros Lugares", a paixão por um autor que desconhecia foi imediata: nunca mais parei de ler Jorge Sena.
e que dizer de H Ribeiro, quieto e camuflado pela vegetação da serra, a dizer, sem música alguma "eu fui ver a minha amada / lá nos campos eu fui ver / dei-lhe uma rosa encarnada / para de mim se prender"? H Ribeiro dizia poesia como se falasse de mim, para mim, para cada um dos que o ouviam ("como é que ele saberia que…?"). as palavras dos outros estendidas até mim pela sua voz transformavam-se nas minhas próprias palavras.
não sei o que aconteceu primeiro: se, como escreveu Yourcenar, a palavra escrita me ensinou a ouvir a voz humana, ou se foi a voz humana que me ensinou a amar palavra escrita. só sei que acredito no poder da leitura em voz alta como acredito na luz do sol, no amor e nos sonhos.
há dias, num Jornal de Letras, António Torrado, escritor da infância, defendia a prática da leitura em voz alta nas salas de aula, bem como a inclusão nos programas escolares da leitura integral de obras infantis, em oposição à constante fragmentação a que actualmente estas obras são sujeitas nos manuais.
Etiquetas: António Torrado, Carlos Tê, Diogo Infante, educação, Jim Morrison, Jorge de Sena, livros, Marguerite Yourcenar, os campos
1 Comments:
Ler em voz alta. H Ribeiro deu-me essa oportunidade em 81 de abrir um gospel night com o An Americam Prayer. Ainda lembro:
Is everybody in?
The ceremony is about to begin!
Depois foi o que ambos felizmente sabemos e guardamos e lemos com ele em voz alta.
Leio, sempre que posso, em voz alta. Para que ouçam, mas para me fazer ouvir. É giro pensar as escolas todas deste país, sobretudo as primárias com vozes altas.
Terão so professores capacidade de escolher as palavras exactas?
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