segunda-feira, maio 29, 2006

Nêsperas


Nos 80 anos de comemoração do 28 de Maio de 1926, quando Salazar começou a dizer ao que vinha, - estórias de hoje ao almoço com a história do meu pai! - cheguei à casa da Gândara e o calor trouxe-me, pelos frutos, a certeza de um novo verão.
A nespereira da avó Cremilde descarregou pela tarde quente uma dádiva de sabores: nêsperas, em tanta abundância quanto dela guardo recordações.
E, logo de seguida, a lembrança do rifão quotidiano do Mário-Henrique Leiria, dito por mim bem alto sem o rigor da voz que guardo do Mário Viegas, que espectacularmente o gravou, lembram-se?

RIFÃO QUOTIDIANO

Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia

chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a

é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece

Leiria, Mário-Henrique, Novos Contos do Gin

1 Comments:

At 12:25 da manhã, Blogger Mónica (em Campanhã) said...

e quando partes? por quanto tempo? vamos contigo pela linha.

 

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