Low-food
Quem vive como eu sem as obrigações da hora familiar de jantar, recorre com frequência ao fast-food. Perto de casa tenho o Mr. Meal com ementa telefónica para o mês. Há fome, ementa definida, canseira… telefono. Há disponibilidade, vou e bebo um gin, enquanto me entalam o prato.
Os clientes do Mr. Meal são feitos do mesmo tipo: solteiros, divorciados, executivos esmerados – workalcoolic -, gente anónima com uma banda larga no tempo. Têm sempre clube para discutir com o Mr. Meal, têm por vezes espaço a mais para partilhar.
Esquece! Isso é fantasia e posso provar!
Pede-me o corpo as receitas antigas, os sabores de mãe, as virtuosidades de saber-fazer espectáculos na cozinha.
Então, muitas vezes, cozinho por gosto. Sim, cozinho. E logo dirão:
- aqui está um homem esmerado, o mito das mulheres de família!
Cozinho apenas porque gosto desse prazer. Exijo apenas que não me ocupem o espaço e que esteja limpo. Divirtam-se na sala enquanto esperam. Ponham a mesa, bonita, se quiserem ajudar. Bebam um branco fresco, ponham música, leiam o caderno à socapa onde registo momentos da vida… se for Inverno e frio, acrescentem madeira na fogueira… se o Verão suar, liguem a ventoinha. Acendam o cigarro e o lume no corpo. Tenham a arte de esperar como quem o faz com prazer.
Low-food. Marca a noite e a mesa.
Sabes?
- Faço tachos apenas para futuros ministros-de-estado e mulheres velozes – gente solta!
Apresenta-te como quiseres!
Telefona antes. Diz o que queres.
Se fores futuro ministro-de-estado, vem apenas. Há futebol que baste.
Se fores mulher veloz, vem com vontade de pôr a mesa. Se não servir, se não te servir, há um bom livro de reclamações.
2 Comments:
um dia apareço assim.
e eu também... na mesma noite. levo o vinho.
Enviar um comentário
<< Home