A matilha dos 40 anos
Anda a matilha a marcar a ferro quente na pele os 40 anos, como se uma bula entronizasse esse dever.
Por mim já cá cantam, sem dor ou nostalgia. Passei por eles ao passar, não encontrando na data qualquer motivo para os agrafar no meu diário do tempo.
Vou-me perguntando apenas:
- quantas vindimas mais poderei fazer?
- irei ainda a tempo de ver a sombra da nogueira, ontem plantada, crescer?
Há quem seja apanhado de surpresa em festas onde estive; outros simplesmente juntam os amigos e com eles produzem fogos-fátuos que o céu se encarregará de entregar, porque há novo caminho a percorrer.
A uns fui; a outros, por falta da capacidade omnipresente, mandei flores.
A todos, um gesto, uma palavra, um regresso, dedico. A alguns, os essenciais, estarei sempre mais perto… são os que sabem disso, porque neles tento perenemente dizer!
A idade aumenta-nos a memória, deixa a chuva molhar menos porque mais nos recolhemos, junta os caminhos imaginados num único sulco denso de terra por onde quase sempre obrigado seguirás, pensando seguro o que o destino te reserva.
Não sei quantos mais virão a terreiro. Se de surpresa ou festa anunciada.
Mas somos todos bandoleiros desta mesma existência, (dois séculos, um milénio!), lobos da lua com magia e destino próprios.
Por isso, entendo eu nos meus 40 e 2, que a nossa sabedoria é ainda manobrar bem em matilha quando nos juntamos, nem que seja, como o faz o lobo em todas as manhãs e tardes da vida,
- ir simplesmente a pulso, incógnito, beber com os outros!
1 Comments:
somos mais cavalos, como na música, de fogo, alados pois claro, nós, os de 40 este ano, geração de 66.
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