Praia da Adraga, 30 Abril
Para a Rida e todos que couberam na noite do seu aniversário
Podia deixar já a fogueira a arder, levar as palavras como fagulhas, deixar o cheiro a fumo nas mãos e só vos deixar ouvir o mar ao fundo, nocturno.
Mas piso devagar o texto como a areia. Começo no contorno do vale que guarda o mar e a gruta. Praia da Adraga. A praia que guardou o mar que guardou uma noite para nela se celebrar o aniversário duma amiga.
Archotes na praia e crisântemos brancos. A noite tépida, a fogueira e as estrelas no chão e no céu, a puxada eléctrica do restaurante a deixar música e máquina de cerveja... em cima da areia. Colchões de praia, mantas no chão, toalhas de banho, camisolões à cintura.
Os amigos, a conversa e a sangria, o gin e o mar, dançar, dançar muito sobre a areia. A música, ah a música... a nossa, a que cresceu, doeu e sarou connosco... as estrelas e o mar. Sempre o mar. Nocturno.
Que imensidão, que prazer indescritível este de não parar de dançar, de não parar de falar, de não parar de ouvir, de não parar de ... tanto ar, tanto espaço, tanto sal. Tanta areia.
Além de muito bonito, achei que a nossa amiga nos pregou uma tremenda partida... convidou-nos para a celebração do seu aniversário e levou-nos para o lugar onde o tempo não se faz. Existe eterno. Como a areia, eterna erosão da rocha.
Levou-nos devagar à ausência do tempo, deixou-nos de areia a todos por mais que o mar nos tenha batido, deixado mais um sulco na pele, feito uma costa mais arredondada no corpo.
A nossa amiga levou-nos a celebrar, afinal o quê? A eternidade, claro. A dançar, a dançar. A rir como sempre. A falar como há pouco, dez ou vinte anos depois da última palavra. A beber o mesmo gin, a ser mais sábio e sempre o mesmo. A repetir o abraço, a deixar o mesmo jeito. A ouvir o crepitar da madeira que arde como a alma. A ouvir o mar sem o ver. A ouvir o tempo e ele ser o mesmo.
Juro que não foi o tempo a passar ou o tempo passado o que se celebrou na noite de 30 de Abril. Juro que só lá esteve o que sempre o tempo tem.
Como a nossa amiga sabe tão bem destas coisas de sal e vento e tempo e eternidade, e sempre o pressenti mais do que o soube, fez-nos esta partida imensa... porque mais, muito mais do que uma noite bonita e muito, muito divertida ela permitiu-nos esta verdade que se ouvia na fogueira ou onde quisesses e que se sentiu pela noite toda. Uma reafirmação. A certeza da certeza.
Obrigado Rida e todos que couberam na noite.
Podia deixar já a fogueira a arder, levar as palavras como fagulhas, deixar o cheiro a fumo nas mãos e só vos deixar ouvir o mar ao fundo, nocturno.
Mas piso devagar o texto como a areia. Começo no contorno do vale que guarda o mar e a gruta. Praia da Adraga. A praia que guardou o mar que guardou uma noite para nela se celebrar o aniversário duma amiga.
Archotes na praia e crisântemos brancos. A noite tépida, a fogueira e as estrelas no chão e no céu, a puxada eléctrica do restaurante a deixar música e máquina de cerveja... em cima da areia. Colchões de praia, mantas no chão, toalhas de banho, camisolões à cintura.
Os amigos, a conversa e a sangria, o gin e o mar, dançar, dançar muito sobre a areia. A música, ah a música... a nossa, a que cresceu, doeu e sarou connosco... as estrelas e o mar. Sempre o mar. Nocturno.
Que imensidão, que prazer indescritível este de não parar de dançar, de não parar de falar, de não parar de ouvir, de não parar de ... tanto ar, tanto espaço, tanto sal. Tanta areia.
Além de muito bonito, achei que a nossa amiga nos pregou uma tremenda partida... convidou-nos para a celebração do seu aniversário e levou-nos para o lugar onde o tempo não se faz. Existe eterno. Como a areia, eterna erosão da rocha.
Levou-nos devagar à ausência do tempo, deixou-nos de areia a todos por mais que o mar nos tenha batido, deixado mais um sulco na pele, feito uma costa mais arredondada no corpo.
A nossa amiga levou-nos a celebrar, afinal o quê? A eternidade, claro. A dançar, a dançar. A rir como sempre. A falar como há pouco, dez ou vinte anos depois da última palavra. A beber o mesmo gin, a ser mais sábio e sempre o mesmo. A repetir o abraço, a deixar o mesmo jeito. A ouvir o crepitar da madeira que arde como a alma. A ouvir o mar sem o ver. A ouvir o tempo e ele ser o mesmo.
Juro que não foi o tempo a passar ou o tempo passado o que se celebrou na noite de 30 de Abril. Juro que só lá esteve o que sempre o tempo tem.
Como a nossa amiga sabe tão bem destas coisas de sal e vento e tempo e eternidade, e sempre o pressenti mais do que o soube, fez-nos esta partida imensa... porque mais, muito mais do que uma noite bonita e muito, muito divertida ela permitiu-nos esta verdade que se ouvia na fogueira ou onde quisesses e que se sentiu pela noite toda. Uma reafirmação. A certeza da certeza.
Obrigado Rida e todos que couberam na noite.
1 Comments:
Cumpriu "a idade da inocência" onde todas as noites nos convoca.
Lembro-a na pág. 18 "Os Campos" sobre o Zeca, embalados pelo Outono. Mandei flores campestres, que espero pequem de escaca na areia, nas cinzas da fogueira que ontem animou.
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