sexta-feira, maio 19, 2006

Da quase sempre razão


Tens quase sempre razão quando há razão.
Discutes o meu corpo que bebe, cedo enruga,
come desmesuradamente.
Não cabe na camisa, caem as calças da barriga,
defuma de novo a chaminé antiga as cigarrilhas.

Quando chego tardio é um sufoco. Homem glaciar. Essa finta
previsível de apenas ficar.

Tenho quase sempre razão quando há razão.
Gostas de me ver silencioso no sofá do canto,
leitura cuidada de um livro, esse corpo escondido, copo bebido
e a mão disponível para te dizer o caminho «vem para aqui»,
ouvindo a música que toca por ti.

Quando chegas tardia é vontade de ficar. Esse vosso bom
fingimento de mulher, um copo e o corpo a adiar o enrugar.

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