segunda-feira, abril 10, 2006

Caixa de segredos


Agora há as passwords dentro de passwords, como caroços dentro de caroços, Marioskas Bill Gaytes, limites onde se escondem os segredos. Tudo escondemos do que temos a esconder com um prefixo “e-“ (é, traço) qualquer coisa – byte informático!
Permite esconderijos a cartas.pdf, fotos.jpg, músicas.mp3.
E permite “delete”, esse passo efémero contra a memória dos dias.
Do prazer, do verdadeiro prazer, é ir ao esconderijo antigo. Porque as cartas têm de ser palpáveis para bem lidas e sentir-lhes o cheiro do tempo de guardadas em aforro; as fotos precisam de um espaço próprio, escolhido nas mãos para as chegar perto dos olhos e accionar memória; os discos carecem de movimento para os abrir como pães quentes, onde escolhemos do conduto.
- E não há coragem para a tecla “delete”.
Obriga-nos a uma ética de personalidade, de responsabilidade para quem connosco partilhou momentos, mesmo que algumas vezes apeteça apagar da memória.
Tenho essa luta comigo, mas o essencial - o meu essencial - ainda repousa disponível em dois escaninhos de carvalho envernizado.

1 Comments:

At 12:54 da tarde, Blogger Mónica (em Campanhã) said...

e para quando guardarmos de forma indelével a linha do norte? quem sabe fazer isso? para que um delete mais distraído não nos faça sumir na blogosfera.

 

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