quinta-feira, abril 06, 2006

Moinhos


Quando o vento se mostra forte ou a água corre encorpada, a máquina move-se. Tritura grãos, raízes e vidas inteiras, onde homens e mulheres, caiados a farinha como paredes, depositam o respirar.
Canta-se, conversa-se, aconchegam-se os corpos nos sacos de pano fino branco, enquanto a natureza exercita as suas forças mais capazes.
Há os de vento, de água e os educados para o movimento das marés.
Artes da Pérsia e de Roma.
E há a arte do pontapé de moinho, gesto de poucos pontas-de-lança, que quando dá golo, um vento de claque anima e água faz correr em certos olhares mais emotivos.
Dia nacional dos moinhos.
Muitas vezes, dentro deles, a alimentar conversa antiga, há pão fresco, queijo, vinho, uma medida de tabaco, mãos que entre as tarefas se dão.
Nessas noites, dentro deles, para que os corpos se acudam ao desejo nos sons do vento ou da água, faz sempre falta um moinho de café para que o momento seja mais duradouro. Dourar o ouro.

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