Feitiço da "Villa" (estação arqueológica)
O arqueólogo chegou à estação vindo da linha do norte. Montou tenda, abriu a mochila, deitou o saco-cama debaixo da oliveira, passou o pincel na areia.
O mosaico revelou-se. Lavou-o de seguida com água fresca, sob um sol de primeiro Abril e as tesselas ganharam as cores do fogo e da paisagem.
Lá estava a imagem que nunca ninguém viu:
- três números 1, dispostos nesta fórmula – 1:1:1.
O primeiro, um minuto, marcando o tempo num relógio de sol pintado num mapa de estrelas;
O segundo, um metro quadrado, limitando o espaço num arranjo floral de outras estações na linha do mundo (Primavera duas orquídeas do monte, Verão duas espigas, Outono dois cachos de uvas, Inverno uma alcachofra e uma pequena árvore);
O terceiro, um Megabyte, registando toda a memória que ficou da “villa” (um rosto, um beijo, um percurso de viagem, um maço de cartas, os acordes de uma música).
Tempo. Espaço. Memória.
Ao pôr-do-sol, o arqueólogo tapou o mosaico de areia. O nosso tempo voltou. O feitiço acabou. O espaço fez-se cidade e a memória arquivou-se no filelodge em jpg. gif. mpg. avi. wmv. doc. pdf. mp3… fica ao teu critério.
Para voltar ao momento, verdadeiro momento, disse-me o arqueólogo:
- D, deixa o portátil, escolhe com H e M um dia de sol em Abril, bebam um copo e tragam um pincel! O feitiço da “villa” abrir-se-á para a linha!
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