segunda-feira, abril 03, 2006

Parque Natural de Monfrague


Deixei o mundo à minha espera e fui. Há sempre um lugar para nos escondermos do mundo e o ouvir.

Fui procurar o Tejo em terras de abutres e grifos. Nas escarpas do rio. Nas passadas das caminhadas. No silêncio da luz e dos ruídos. No voo das águias imperiais e das cegonhas negras. Parque Natural de Monfrague.

Dois dias mansos de caminhar junto ao Tejo. Primeiro no próprio parque. Levar binóculos, levar quem saiba de aves e fazer itinerários de mata mediterrânea. Caminhar na terra quieta tem um gosto único. Ouve-se o mundo como o mundo é.

Domingo voltar a terras de Portugal. Sempre rente ao Tejo. Salvaterra de Extremo e fazer novo percurso até ao rio. Sempre na vista o castelo de Penafiel no cimo da escarpa, hoje espanhol, outrora fortaleza nossa.

Levei as crianças e elas gostaram de saber as pistas e marcas dos caminhos, gostaram de aprender a espreitar no telescópio e saber das aves a cor das penas, os nomes baralhados, o fim do mundo. Viram veados. Torceram o pescoço ao céu entre as águias e os grifos. Molharam os pés na água fria e forte do Tejo quebrado. Apreendem o mundo no lugar onde o mundo começou.

Viemos na linha de água desaguar a Lisboa. Nunca mais olharão este rio da mesma maneira. Apreenderam a engrossar o caudal azul e alguma coisa na alma lhes ficou a aguar.

2 Comments:

At 1:51 da manhã, Blogger francisco carvalho said...

Que texto bonito, H.

 
At 12:47 da manhã, Blogger David (em Coimbra B) said...

Que bom sentir-te espanhola onde o fui também. Espanhol, por escassas horas...

 

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