Maciço da boa escrita
Para o Daniel ( e novo livro)
Quis a volta da vida que um dia o tenha conhecido. Perdão, reconhecido.
Conhecido, foi quando o Daniel jornalista, depois cronista, me atravessou o percurso. Figura fina, esguia, com um humor educado na boa comédia do “non sense” e uma arte de escrita próxima da excelência – a figura fina.
Depois juntaram-se conversas de fim de tarde, um bom copo, a degustação do passado (Coimbra, Gândara, Sicó).
Reconhecido, foi quando o Daniel futebolista me trouxe o recorte de termos sido jogadores de uma mesma equipa – selecção de iniciados – e termos sido adversários leais naqueles anos de sucessivos campeonatos de Inverno do distrital de Coimbra – a figura esguia.
Tem novo livro escrito. Dribla melhor as palavras que os defesas esquerdos, cabeceia melhor as ideias que as bolas ao segundo poste, domina mais facilmente a ironia que o esférico caído do alto dos céus a chuto aflito de alívio.
É um prazer tê-lo como amigo. É um privilégio lê-lo enquanto escritor.
No blogue ou nos livros, aconselho que o acompanhem. Não tanto na vida, mas no raciocínio mordaz.
CHUVA
A chuva, como uma vasta mas fina senhora líquida, desce a visitar-nos.
Desfiada por anjos, tudo toma.
O mundo, que é sempre de baixo, recebe o pó de água como uma bênção de incontáveis dedos.
Somos tocados em pura graça por essa mão sem número.
Espelhos formam-se pelo chão.
Neles nos revejamos: reflexos de anjos, por um instante, seremos.
Abrunheiro, Daniel, Gente do touro de ouro
2 Comments:
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
...acompanharemos, claro! por curiosidade primeiro... porque o dizes e nós também gostamos de correr em paralelo a outras linhas...
Enviar um comentário
<< Home