quinta-feira, fevereiro 16, 2006

TATUAGEM NAS ALDEIAS DE XISTO

O telhado de xisto penteou-se e o soalho foi lavado a sabão.
A janela de cima abriu-se nos seus dois braços, dois novos vasos em cada mão
e o postigo limpo a sumo de limão.
Lenha seca na lareira. Água fresca na panela de ferro. O púcaro por sobre o testo. A tenaz atenta, à espera de mãos.
Na velha cama o colchão virou-se, aconchegando-se do frio com dois lençóis de linho liso.
O de cima aberto lento, vela triangular soprada pelo momento.
Quando os rumores já tinham passado para além da barragem, chegou!
E trazia-a pelo braço com um sobretudo dobrado na outra mão.
Confirmou-se!
Na venda. Em viva boca de quem sabe.
Que sim, que vinha com ele, parece que para ficar - mais bonita que as palavras do rumor e das paisagens em redor!
E que trazia tatuagem de uma concha decalcada, caminho de Santiago, no mesmo sítio do pescoço onde, a S, em S, a navalha desenhou noutra noite uma pequena cicatriz.
Entraram.
A porta curvou-se.
A venda fechou-se.
A boca calou-se:
- Se calhar tatuou a concha naquele sítio para fazê-lo feliz!

1 Comments:

At 12:21 da manhã, Blogger H em Stª Apolónia said...

em que estação se apanha o comboio do Fim do Mundo ? horário ? reparo... falta uma linha de atendimento ao cliente...

 

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