domingo, fevereiro 12, 2006

Cartoons, por acaso


Não temos falado dos cartoons. Dos incendiários cartoons.Pela linha temos contornado os outros e por eles, temos estado. Hesitei em faze-lo. Hesitei muito. Porque muito já foi bem dito. Porque me basta a crónica de Miguel Sousa Tavares no Expresso de sábado, 4 de Fevereiro, e algumas prosas de alguns blogs.

Mas esta questão tem inerente a si, em linguagem de linha do norte, um mudar de agulha. De uns cartoons sobre Maomé acabamos depressa demais a falar em liberdade de expressão. Desde já, sou das que a defende incondicionalmente. Mas não me parece que tenha sido isso, em si, que tenha estado na origem do conflito. Começou na questão da profanação do sagrado e ela ser ou não admissível enquanto liberdade de expressão.

Mas nem seria por isto que escreveria. Foi ao pensar em liberdade de expressão e mais concretamente na liberdade de imprensa. Desde já, sou das que a defende incondicionalmente. Mas desde já, também, sou das que a descre de há uns tempos para cá. Não sou descrente da liberdade, sou descrente do que se esconde sobre essa liberdade. Do uso da liberdade.

Sempre gostei de folher jornais, sempre acendi cigarros para começar a ler e sentir-me informada, sempre acreditei que ficava um pouco mais sabedora. Errado. Profundamente errado. Agora, sinto que me deixo um pouco mais manipulada. E agora, quando leio jornais, tento o exercício de perceber onde querem chegar, o que querem defender, o que estará para acontecer. Das coisas que sei profundamente, nunca li ( há excepções. raras.) uma noticía consistente, bem informada, isenta. Desde que sei como se colocam notícias, como se usam os médias, como se contratam empresas de comunicação... sei que a liberdade pode ser preversa. Que a informação é truncada. Que o que leio do que não sei, é continuar a não saber.

Pecarei por excesso. Talvez. Não tomo a parte pelo todo, mas a parte é muito, muito grande...

Continuo a ler jornais. Apaixonei-me ainda mais por artigos de opinião e crónicas. E sobre estas, deixo aqui um bocadinho da “ Fronteiras Perdidas” do José Eduardo Agualusa na Pública de hoje:

Quanto a mim,confesso, gostaria muito de quebrar certas ideias à martelada. Infelizmente nenhuma das ideias que mais me incomodam foi moldada em cerâmica. “

1 Comments:

At 2:20 da manhã, Blogger David (em Coimbra B) said...

Sei por ofício o que é a opinião pública (de alguns isentos) e a opinião publicada (notas de imprensa, artigos de encomenda, etc). Concordo com a linha. Cada vez mais tenho dificuldade em distinguir a isenção da promiscuidade.
Sei por dever de ofício que hoje não conto!

 

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