quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Post de Pijama

É raro acordar tão cedo assim, muito antes desta hora, para acabar trabalho que a noite já não deixou.Raríssimo.

Mas acordar a esta hora revela memórias quase esquecidas. O frio da manhã.

O mesmo que lembro, da infância, das manhãs de viagem em família, da excitação misturada com um sono imenso e... este frio fino e certeiro. Das últimas malas que não cabem no carro. Dos vidros embaciados. De todos, apertados, enfiados no começo da viagem.
Também é o mesmo frio que lembro das manhãs de retorno à casa das Preces com a madeira a ranger de denúncia. Deixavamos a noite em claro, que a adolescência tem que se viver 24 horas, e quando já não tinhamos mais histórias no canto da sala ou quando o tempo, a alma ou o amor pedia território demarcado vinhamos caminhar para fora da casa. A noite acabava sempre nesse começo da manhã, que lembro sempre quase azul e enevoada, e na certeza do colchão de palha na cama quente da casa grande. Era o mesmo frio, ensonado e feliz.Ou triste. Que este frio se fez para os dois.
Era o mesmo frio das manhãs de partida para férias. Havia a hora do comboio exacta ao minuto, a mochila já pronta, a vida em aberto e o horário da linha obrigava quase sempre a este encontro matinal.


Sempre o mesmo frio. O frio da manhã.

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