segunda-feira, fevereiro 13, 2006

EMPAR É EDUCAR A VIDA PARA A LIBERDADE


Não tive hoje praia nos olhos. Andei perto, a empar pela manhã vinha que plantei recentemente. Dá vinho de areia nas dunas Finisterra do Carlos de Oliveira, onde as abelhas tomam banho na chuva com a mania de escrever.
Empar é educar a vida da cepa para a liberdade. Adormece-la no arame com mãos ágeis, que também vou educando para a tarefa e decidir quantos olhos deixo em cada vara, porque é por eles que crescem, asseguram novos frutos, caminho do vinho novo e por eles procuram o sol e a sabedoria para cada novo ano.
É mais difícil empar a vida em mulheres, que precisam de amar muito para nos suportar.
É difícil também empar a vida em homens, que precisam saber que as mulheres os amam muito para andarem seguros junto ao arame onde os colocam alinhados.
Empar a vida a dois é decidir da areia, da quantidade de água e, sobretudo, escolher em comum com um copo de vinho de areia os olhos mais capazes que mostrarão o caminho da felicidade.
Continuo desalinhado com os mesmos olhos com que nasci, para a vida e para o resto, sabendo que tudo o que disse pode deixar de fazer sentido, se for empado na estação certa, alinhado ali, com mãos ágeis que me surpreendam, junto ao arame da vida.

3 Comments:

At 10:09 da manhã, Blogger francisco carvalho said...

Belíssimo.

 
At 11:01 da tarde, Blogger Mónica (em Campanhã) said...

obrigada por esta palavra nova a encerrar uma ideia bonita

 
At 12:21 da manhã, Blogger H em Stª Apolónia said...

Hoje vou empar o silêncio para que a vida da tua cepa se sinta mais livre. Deixo-lhe o horizonte. É-lhe devida essa reverência.

Amanhã volto. Tardio como tu.

 

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