domingo, julho 12, 2009

nas minas








Há no abandono do lugar, quente, qualquer coisa de fascinante e de novo. A boca do mundo abandonada ali no Alentejo, Minas do Lousal, perto das Ermidas do Sado / Grândola. A terra estala calor e pó, cheira a terra de morte tal como morreu parte deste país esquecidamente mineiro.

Aquela terra existiu porque existiu uma mina de pirite, levou muitos e muitos homens ao fundo, fez-se de vida à superficíe e foi um século de um Portugal agora quase desconhecido. O documentário apresentado, do tempo do Estado Novo, mostra uma terra intensa com cerca de 8 000 habitantes, a escola, as festas, a igreja e a mina no centro da próxima existência. Parou de respirar a terra quando a mina fechou e hoje, os cerca de 700 habitantes, restam doridos nessa morte violenta.

O projecto Relousal recuperou parte do lugar com um centro de artesanato, um museu das Minas, uma pousada, um restaurante fantástico onde, aos fins de semana, o grupo coral de antigos mineiros canta (de forma soberba!) num canto do antigo armazém e onde no próximo dia 21 Julho se inaugura um novo centro de Ciência e Vida. Mas o lugar cheira a abandono, a terra a estalar de calor e a terra de silêncio. O silêncio do fundo do mundo e o silêncio de um passado português que quase esquecemos. Rural, doloroso, injusto, mineiro.Profundo.

Esta foi a memória esquecida que,calada naquele abandono, me fascinou na visita ao Lousal. Esta foi a história que as crianças pisaram no pó. Esta, é uma visita a fazer.

(As fotografias em nada reproduzem o local, truncam o lado visível da terra viva, e não são mais do que as imagens dum armazém abandonado cuja decadência e abandono, me fascina muito. Não sei como nunca ninguém se lembrou de lá filmar...)


3 Comments:

At 9:04 da tarde, Blogger Mónica (em Campanhã) said...

como os Carris, no Gerês, ainda mais desolados. um sítio onde podíamos ir um fds, em modo de mochila às costas, para andar e andar.

 
At 9:04 da tarde, Blogger Mónica (em Campanhã) said...

como os Carris, no Gerês, ainda mais desolados. um sítio onde podíamos ir um fds, em modo de mochila às costas, para andar e andar.

 
At 8:52 da manhã, Blogger Cristina Gomes da Silva said...

Se passarem por Lisboa, façam apitar a locomotiva...:)

 

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